Você conseguiu na Justiça o direito de assinar como Leo Kret do Brasil, mas isso ainda não reflete a situação de todos os transexuais. Ser vereadora ajudou a vencer esse pleito?
Essa conquista na Justiça, pelo menos, teve uma visibilidade e levou inclusive à mudança de alguns paradigmas. Antes, o Ministério Público exigia que houvesse uma audiência, que se perguntasse. No meu caso, não houve essa audiência. O que eles perceberam em nosso material foi toda uma farta explicação. Agora, a visibilidade ajuda a outros travestis e transexuais. Há outros travestis e transexuais buscando esta mudança. Além disso, conseguimos aprovar na Câmara projetos de indicação ao prefeito (João Henrique Carneiro, do PMDB) e ao governador (Jaques Wagner, do PT). Conseguimos o apoio da nossa colega (vereadora) Marta Rodrigues (PT). Já temos uma lei aprovada e sancionada pelo prefeito. Isso tudo foi trazido com nosso apoio, com repercussão disso.
Dizem que Salvador é a cidade mais gay do Brasil...
É porque nós somos uma cidade feliz. Aí fazem a analogia a ser gay e feliz, alegre, toda essa coisa esfuziante. Nós sofremos, mas o sofrimento é atenuado por nossa alegria. Salvador é uma cidade que costumar acolher bem gays e travestis.
Em que consiste a lei contra a homofobia que está para ser aprovada na Câmara Municipal?
A lei na verdade já foi aprovada em 1997, só que não havia sido regulamentada. E nós conseguimos aprovar a regulamentação. Tivemos do prefeito um compromisso público durante a regulamentação. Precisamos disso para que ela seja aplicada no dia a dia, pois ainda não é.