Adrian Lamo, 29 anos, se tornou o mais famoso “hacker do chapéu cinza” da década passada. Em 2003, invadiu o sistema do jornal The New York Times apenas para incluir a si mesmo na lista de colaboradores. O jornal não achou graça na brincadeira e denunciou Lamo ao FBI. Em 2004, ele se declarou culpado da invasão e de também ter acessado os sistemas do Yahoo, Microsoft e WorldCom, recebendo sentença de seis meses de prisão domiciliar na casa dos pais e mais dois anos de liberdade vigiada.
Seis anos depois, ele se tornou, em junho, um renegado na comunidade hacker. No último dia 8 veio à público que Lamo denunciou ao FBI o soldado Bradley Manning, 22 anos, analista de inteligência do exército americano, como o responsável pelo vazamento de informações confidenciais sobre a Guerra do Iraque, inclusive do polêmico ví¬deo, divulgado em abril, em que um helicóptero Apache dispara contra civis. Manning, que aparentemente agiu contra a guerra, procurou Lamo após a publicação, em abril, pela revista Wired, de que o ex-hacker é portador da Sí¬ndrome de Asperger, uma forma de autismo, em busca de apoio. Considerava os dois “almas irmãs”, mas Lamo não pensou assim, alegando que com a denúncia salvaria vidas de militares americanos em combate.
Caiu, a partir de então, em desgraça com os ex-fãs. O site sueco Wikileaks, que publica informação confidencial de governos e empresas e pôs na internet o ví¬deo do ataque de helicóptero, chamou-o de "notório ladrão de informação e manipulador".
Lamo, hoje um consultor de segurança de empresas, também vive a situação inusitada de ser cumprimentado, graças a seu “patriotismo”, por pessoas que antes o criticavam pela vida de hacker.