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Próxima geração de OGMs promete benefícios diretos
Adriano Floriani
As características com potencial para aumentar a qualidade nutricional dos alimentos prometem trazer benefícios diretos para a população nas próximas gerações de produtos transgênicos. Alimentos ricos em nutrientes, plantas que servem como vacinas e animais usados como "fábricas" de remédios fazem parte do futuro cenário projetado pela biotecnologia.
A segunda geração dos transgênicos prevê o desenvolvimento de produtos que prometem beneficiar o consumidor diretamente. Estão em fase de estudos, por exemplo, soja e milho com maior teor de proteína e Omega 3, e arroz enriquecido com vitamina A e ferro. Os mais otimistas prevêem ainda que, dentro de alguns anos, existirão aves que porão ovos com menos colesterol, bovinos que produzirão leite com menos gordura e ovinos com lã mais resistente, entre outras possibilidades.
Mas a maior revolução nos sistemas de produção agrícola prevista pela ciência viria nas próximas décadas com a chamada "terceira onda", ou terceira geração, dos transgênicos. Plantas geneticamente modificadas desempenhariam o papel de vacinas, alimentando e ao mesmo tempo combatendo doenças. Ou atuariam como biofábricas com aplicação nas indústrias de medicamentos (plantas geneticamente modificadas expressando insulina, hormônios de crescimento e outros produtos de aplicação farmacêutica), alimentos e rações.
Qualidade nutricional
Os problemas de má-nutrição, como a deficiência de aminoácidos, vitamina A, ferro, iodo e zinco, poderiam ser superados com a indução de genes que resultem em maior concentração destes nutrientes nos alimentos. Variedades com maior conteúdo de nutrientes teriam potencial para previnir doenças crônicas na população. Por exemplo, variedades transgênicas de arroz, com elevado conteúdo de betacaroteno e ferro, teriam importante papel na solução de deficiência destes nutrientes em países cuja dieta é baseada no arroz, acreditam os entusiastas da biotecnologia.
Em 2000, os cientistas Ingo Potrykus e Peter Beyer, do Instituto Suíço de Ciência Vegetal, lançaram a variedade transgênica "arroz dourado" (Golden Rice). O Golden Rice apresenta elevados teores de betacaroteno, que poderia ajudar a combater a cegueira decorrente da deficiência de vitamina A, problema crítico em países da África e da Ásia. O produto, no entanto, ainda não foi liberado para comercialização.
Plantas como biorreatores
Pesquisas preliminares sobre a produção de vacinas e fármacos em plantas estão em andamento. Na medida em que os cientistas mapeiam os genes das espécies agronômicas, a transformação de plantas em biorreatores - organismos utilizados para produção de proteínas, hormônios, enzimas e compostos químicos - começa a se tornar mais concreta.
Na prática, isso significa que grãos, leite e ovos, por exemplo, além de servirem para a alimentação, poderiam ser usados para produzir remédios, produtos químicos, plásticos e combustíveis. As plantas já produzem químicos usados pela indústria para produção de medicamentos, óleos industriais, corantes, etc. Mas a introdução de novos genes teria condições de alterar a qualidade e a quantidade dos produtos, possibilitando, por exemplo, o desenvolvimento de óleos mais saudáveis.
Cientistas apostam que este benefício da biotecnologia deve se concretizar mais no final da primeira década deste século. Um outro exemplo do potencial uso de plantas para produção de diversos compostos é bioplástico. A partir de plantas transformadas com genes para produzir monômeros e polímeros é possível substituir derivados de petróleo, possibilitando a produção de um plástico biodegradável, que ajudaria a preservar o ambiente.
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