Repórter Terra |
|
|
Cientistas afirmam que os OGMs são seguros
Adriano Floriani
Parte da comunidade científica brasileira contesta as afirmações de que os transgênicos apresentam riscos para a saúde e para o meio ambiente. A posição de que cada novo produto geneticamente modificado deve ser rigorosamente avaliado quanto à sua segurança é unânime, mas os cientistas rebatem as críticas feitas aos OGMs existentes no mercado.
"O fato é que não existe argumentação científica que se sustente e diga que há riscos", afirma Leila Macedo Oda, presidente da Associação Nacional de Biossegurança (Anbio). Doutora em Ciências Biológicas, Microbiologia e Imunologia, Oda atribui a polêmica existente no Brasil sobre os transgênicos a aspectos meramente políticos e econômicos.
Riscos menores
O engenheiro agrônomo Francisco José Lima de Aragão, pesquisador e gerente do Núcleo Temático de Biotecnologia da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), afirma que os alimentos transgênicos consumidos no mundo são seguros, porque passam por testes rigorosos. PhD em biologia molecular, Aragão defende que os riscos dos alimentos transgênicos são menores do que os alimentos não-transgênicos.
"A chance de se ter uma planta transgênica que cause alergia é bem menor do que uma não-transgênica, simplesmente porque no segundo caso ela não é analisada", diz. Aragão alega que o mais coerente seria exigir análises rigorosas de todos os alimentos industrializados que consumimos.
Conforme o engenheiro agrônomo Aluízio Borém - professor da Universidade Federal de Viçosa (MG) e presidente da Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas -, a resistência de parte da população aos transgênicos está no desconhecimento da biotecnologia. Segundo Borém, é incoerente os defensores do meio ambiente serem contra a biotecnologia, já que pode permitir a redução do uso de pesticidas.
Borém lembra que o primeiro produto transgênico a chegar ao mercado foi o tomate Flavr Savr (com gen para retardar o amadurecimento), em 1994, após anos de análise. "Quando chega ao mercado, o produto foi exaustivamente testado. O consumidor não precisa se preocupar", afirma Borém, pós-doutor em genética molecular e autor de vários livros sobre o assunto.
Segurança
A engenheira de alimentos Silvia Yokoyama, gerente de Assuntos Científicos da Monsanto (empresa multinacional que comercializa sementes transgênicas), garante que nunca na humanidade os alimentos foram tão estudados e testados como os geneticamente modificados. Segundo ela, os alimentos transgênicos vêm sendo consumidos há pelo menos sete anos por milhões de pessoas em vários países, sem que qualquer problema de saúde tenha sido identificado.
Yokoyama diz que as pesquisas com OGMs são realizadas em várias etapas, desde o momento em que se decide fazer a transferência de um gene para a célula de uma planta. Todos os aspectos relacionados ao histórico de segurança, tanto do doador do gene quanto da planta que será modificada, são estudados antes da transferência a ser realizada, diz. Em seguida, todos os possíveis resultados da transferência são avaliados, desde a localização e integridade do gene transferido até as características da célula que recebeu essa doação. Por fim, todos os estudos relacionados ao comportamento da planta e seus impactos no ambiente, além dos estudos relacionados à segurança para consumo como alimento e ração animal, são realizados.
Segundo ela, esses estudos são elaborados e inspecionados de acordo com os protocolos e demais critérios reconhecidos pelas entidades competentes. No caso do Brasil, além dos procedimentos já existentes para pesquisas em plantas convencionais, são feitos testes de campo, para avaliação dessas plantas em condições locais, com o nosso ecossistema, sendo que as pesquisas com OGMs estão sujeitas às regras estabelecidas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Terra
|