O senso comum prega que criança é feliz, ingênua e sem problemas. Pode ser que boa parte delas seja caracterizada dessa forma, mas não generalize. Existe uma parcela de crianças cujo perfil não se enquadra num cenário colorido típico das temáticas infantis. São os pequenos que sofrem de depressão.
Segundo Silzá Tramontina, psiquiatra da Infância e adolescência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, “clinicamente, a depressão é um transtorno (ou síndrome), que se caracteriza pela presença de sintomas depressivos que se manifestam quase diariamente, na maior parte do dia, por pelo menos duas semanas”.
Apesar de ser bem mais comum em adultos, estudos populacionais americanos mostram que cerca de 20% das crianças e adolescentes com idade entre nove e 17 anos têm algum transtorno mental diagnosticável. Em relação à depressão especificamente, estima-se que a doença atinja, nos Estados Unidos, 0,9% das crianças em idade pré-escolar, 1,9% em idade escolar e 4,7% dos adolescentes.
Dificuldade de relacionamento em casa, na escola ou em outros ambientes sociais encabeçam a lista de prejuízos que a depressão pode causar a crianças e adolescentes. Além disso, a psiquiatra Silzá Tramontina enumera outros problemas: “Dificuldade de aprendizagem, repetências escolares; problemas de comportamento, como, no caso dos adolescentes, delinqüência e uso de drogas; falhas nos desenvolvimentos físico e emocional”.