Além das dificuldades da doença em si, o tratamento da depressão esbarra num problema bastante comum: o preconceito. Mesmo os pais da criança ou adolescente deprimido relutam em aceitar o fato de que o filho precisa ser levado a uma psiquiatra. Isso porque não querem taxar o filho de doente mental.Esse tipo de preconceito, além de retrógrado (como todo preconceito, ressalte-se), é também perigoso. “É fundamental que os pais aceitem o diagnóstico de depressão. Eles têm de perder o medo do neurologista, psiquiatra ou psicólogo. O tratamento é uma forma de prevenir quadros piores”, alerta a psicoterapeuta Vânia Fortuna.
A psicóloga fala ainda do risco de a doença passar pela infância e chegar à adolescência: “Nos últimos 30 anos, o índice de suicídios entre os adolescentes triplicou. Boa parte deles decorrentes de depressão infantil não tratada aliados aos conflitos próprios da idade”.
Segundo a psiquiatra Silzá Tramontina, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, “o tratamento mais adequado para a depressão é o do modelo biopsicossocial, que inclui psicoterapia individual ou familiar, uso de medicação, orientação educacional e manejo social”.
A escolha do tratamento tem de ser orientada de acordo com a gravidade dos sintomas e o prejuízo já causado pela doença. Depressões leves tendem a responder a manejo psicoterápico individual ou familiar. “A terapia individual poderá ser psicanalítica, de orientação analítica, cognitiva, cognitivo-comportamental, entre outras”, explica a médica.
É importante ressaltar que, nos casos de depressão causados por traumas, a psicoterapia não vai resolver o problema da criança, mas sim ajudá-la a conviver com ele. A criança que está deprimida devido à separação dos pais, por exemplo, não deve depender da reestruturação do casamento para ficar saudável novamente. Em vez disso, deve ser encaminhada para um psicólogo para conseguir conviver com os pais separadamente.
Casos de depressões moderados e graves necessitam também de medicação antidepressiva. As medicações que apresentam evidência cientifica em estudos elaborados para depressão em crianças e adolescentes são os inibidores da recaptação seletiva da serotonina (IRSS ). Outros antidepressivos também se mostram eficazes, embora não existam estudos definitivos provando sua eficácia em crianças e adolescentes.