Homens e mulheres podem encarar os alimentos de maneira distinta, mas não parece haver grandes diferenças na forma como o cérebro responde à fome e à sensação de saciedade, sugeriu um novo estudo. "O objetivo geral da nossa pesquisa era entender o motivo pelo qual as pessoas comem, o que elas comem, e por que alguns comem mais do que deveriam", disse Angelo Del Parigi, do Departamento de Nutrição e Diabete Clínica do Instituto Nacional de Diabete e Doenças Digestivas e Renais, em Phoenix (Arizona).
Del Parigi classificou o trabalho como "a primeira tentativa de descobrir se a razão pela qual homens e mulheres fazem algumas opções alimentares diferentes está relacionada ao funcionamento interno do cérebro". Para avaliar isso, a equipe do pesquisador mediu a atividade cerebral de 44 homens e mulheres saudáveis. Os voluntários fizeram um jejum de 36 horas antes do teste cerebral. A atividade do cérebro foi avaliada em dois momentos: quando o grupo estava com fome e após a ingestão de uma refeição líquida.
Na experiência, caracterizada pelo pesquisador como uma situação muito controlada, os padrões de atividade cerebral antes e depois da refeição foram, em grande parte, muito semelhantes em homens e mulheres. Quando sentiram fome, os homens tiveram tendência a apresentar mais atividade na área frontotemporal e na região paralímbica do cérebro, de acordo com artigo publicado na revista American Journal of Clinical Nutrition. As áreas que estiveram mais ativas em resposta à saciedade também variaram um pouco entre homens e mulheres.
Apesar dessas diferenças, o quadro de atividade cerebral relacionada à alimentação pareceu ser semelhante em ambos os sexos, explicou Del Parigi. "Em um nível muito básico, não parece haver grandes diferenças entre os gêneros na maneira como o cérebro humano reage à fome e à saciedade", disse o especialista. O estudo não é a palavra final sobre o assunto, enfatizou o pesquisador. "O comportamento alimentar do ser humano é muito mais complexo do que aquilo que pode ser representado em um experimento tão simples quanto o nosso," afirmou Del Parigi.