A 180 quilômetros de Santiago – e a 43 km da cidade de Los Andes – fica este incrível centro sem filas nos teleféricos. Isso porque ali não há pistas nem teleféricos. Só montanhas, neve virgem e dois snowcats (tratores para uso na neve) que permitem viver uma experiência selvagem com uma notável vista para o monte Aconcágua.
A aventura começa em Lo Calvo, a poucos quilômetros de Los Andes. Ali acaba a pista de concreto e, por terra, é preciso seguir até Campos de Ahumada. Logo uma trilha parece entrar na montanha: é o caminho El Arpa, um centro ainda desconhecido pelos chilenos, que ganhou fama internacional graças a sua extrema simplicidade e fortes descidas - o mais parecido a fazer heliski sem helicóptero. Por isso, a Freeskier – uma famosa revista sobre esqui – disse se tratar de “umas das melhores experiências de esqui no planeta.”
El Arpa é obra de Toni Sponar, um septagenário austríaco que, na década de 60, chegou ao Chile e se apaixonou por Los Andes. Por isso, com o que tinha, comprou dois mil hectares de montanha. E, sem mais recursos do que precisava, começou a construir seu próprio centro, tarefa que três décadas depois ainda não concluiu.
Depois de levantar um teleférico que foi destruído por uma avalanche, Sponar pediu dinheiro para sócios e amigos e, finalmente, comprou um snowcat para transportar sua clientela até um lugar chamado “Punta Guanaco”. Logo, seguindo sua intuição, comprou outro snowcat. Assim, El Arpa se tornou o único Snowcat Resort da América do Sul.
Para chegar lá, é preciso entrar em contato com a Santiago Adventures. Já no lugar, há dois snowcats que transportam no máximo 12 esquiadores cada um. De segunda à sexta (e feriados), El Arpa só funciona com reservas. Normalmente se atende aos esquiadores por ordem de chegada.
Como chegar
De Santiago se viaja até Los Andes. No cruzamento em direção à estrada Los Libertadores, em vez de seguir até Portillo, vire à esquerda, em direção à San Esteban. Depois de passar Lo Calvo, El Cobre e Campos de Ahumada, é preciso subir 13 km até El Arpa. É obrigatório ir em um carro com tração 4x4, e levar correntes para os pneus, pois não há onde alugar. Antes de viajar, é conveniente ligar para El Arpa para conhecer as condições da estrada.
Tel. (56 2) 244-2750
Se não pode ir em carro próprio, Santiago Adventures é a melhor opção. A empresa organiza passeios para um dia em uma caminhonete 4x4, na qual cabem até 6 pessoas. O custo é de R$ 613 para o grupo. Rua Guardia Vieja, escritório 403, na comuna de Providencia, em Santiago.
Tel. (56 2) 244-2750/ (56 9) 9131-7044
www.santiagoadventures.com
É preciso reservar com antecedência e pagar 50% do valor total adiantado, como garantia para o centro. O pagamento total se dá dois dias antes da chegada.
Contato
Tel. (56 2) 244-2750
www.skiarpa.com
www.santiagoadventures.com
Hospedagem
A única opção para dormir em El Arpa é ficando em barraca. Por isso, o centro fez alguns acordos com bons hotéis e albergues da região.
Fazenda Casa San Regis: é a grande casa colonial para esquiadores. Ali tudo é do século XVIII e funciona como Bed & Breakfast. Há uma grande chaminé e muitos jogos de salão para entreter os visitantes. A partir de R$ 108 (quarto singular, por pessoa). Rua La Champarrina, nº 791, San Esteban. Tel. (56 34) 481-052
www.casasanregis.cl
Comida
Refúgio Rancho Avalancha: é o único refúgio que existe em El Arpa. Não espere luxos nem comodidades, já que o lugar foi erguido pelas mãos do próprio Sponar e seus ajudantes. Por isso mesmo, é um refúgio tipo estalagem, feito de pedras e madeira, sem eletricidade. Há uma grande chaminé e banheiros. Ao lado, um pequeno quiosque que vende chocolates, guloseimas, café e chá. Este ano há também uma bela varanda protegida do frio e do vento. A partir de R$ 3,60.
www.skiarpa.com
As pistas
A partir de “Punto Guanaco”, esquiadores e praticantes de snowboard seguem o guia pela linha que leva ao topo. Um terreno com descida gradual dá aos esportistas uma ótima introdução às condições de fora da pista.
Depois de poucos minutos esquiando, na “Cuenca de Toni” (“bacia de Toni”) está a primeira oportunidade para se descer ao Valle El Arpa. Após algumas voltas, através de um terreno com inclinação moderada, os esquiadores seguem a linha para retomar o trajeto deixado pelo snowcat em direção ao “Alto del Arpa”. A bacia forma um lindo lugar no Valle el Arpa e reúne toda a neve que, de outra forma, voaria com os frequentes ventos andinos. Por essa razão, os esquiadores quase sempre encontrarão neve fresca durante sua viagem a “Cuenca”.
A próxima oportunidade de chegar ao paraíso está em “Cuenca de Buena Vista”. Terreno mais inclinado com estreitas descidas na parte alta fazem desta uma rota desafiadora para voltar à área de “Alto del Arpa”.
Cerro Blanco, 3.610m. È o ponto médio da cadeia leste-oeste que forma o limite norte do Valle el Arpa. É o ponto de chegada para os esquiadores que fazem o acesso por snowcats, em uma viagem de 25 minutos.
No alto, a melhor neve em pó está para a direita. Logo abaixo, os esquiadores podem aprecisar a bela paisagem antes de saltar de volta a “Filo Norm”.
A partir de “Filo Norm”, é possível descer ao “Alto Plateau” e acessar duas das pistas mais conhecidas de El Arpa. Descendo direto por “Alto Plateau”, os esquiadores chegam diretamente a “Sacacorchos”. Ali, semanas depois de uma tempestade, pode-se encontrar neve em pó que voou até esta bacia protegida. Descendo à direita do “Alto Plateau” se chega à segunda maior bacia, “Ratoneta”.
Alto del Arpa, 3.520m. É o terceiro ponto mais alto no topo norte do Valle del Arpa. O acesso se dá depois de escalar 15 minutos desde o extremo de “Filo Norm”. Escalando nas proximidades da parte de trás do Alto del Arpa, os esquiadores chegam ao já conhecido Camino de Guanaco, que leva justamente à parte alta de “Alto del Arpa”.
Lá de cima, os esquiadores podem chegar ao melhor terreno de El Arpa. A parede sul, “Sonrisa del Tigre”, está composta de três descidas largas de 150m de queda vertical até a bacia da “Ratonera”. A face sudoeste, “Triángulo de las Bermudas”, tem esse nome pela descida inclinada e em triângulo, que se torna incrivelmente estreita antes de fazer o visitante voar por uma bacia chamada “Avalanchas”. “El día de los perros muertos” sai da face oeste do “Alto El Arpa”. É a principal descida à esquerda a um dos mais desafiantes e inclinados terrenos do Arpa, e ali os esquiadores encaram 300m verticais sem nem sequer poder ver a chegada. Esteja seguro de fazer o giro certo à direita antes da chegada final ao Valle Escondido.
Permanecendo nas alturas depois de passar o Alto del Arpa, os esquiadores chegam a “Las Cornisas”, o lado mais ocidental do topo do Valle del Arpa. Aqui, ainda podem voltar ao “Refúgio Las Avalanchas” sem ter de caminhar até a base. Há muitas descidas com terreno inclinado a partir da bacia de “Las Cornisas”.
Caminho para portillo
No Camino Internacional que une Los Andes com Mendoza (Argentina), há um controle policial (km 109) que se chama Guardia Vieja. No inverno, a passagem da fronteira fica fechada a partir das 19h. Para subir, quando há neve no caminho, é preciso checar antes as condições do trânsito. Ligue para o Paso Los Libertadores no telefone (56 34) 334-099 ou para o Hotel Portillo, (56 2) 361-7000.
Comer
Restaurante el Sauce: reconhecido por suas deliciosas parrilladas (prato típico que traz vários tipos de carnes grelhadas), El Sauce está localizado no setor de mesmo nome, no km 4 do Camino Internacional de Los Andes. Tel. (56 34) 421-172
Club de Campo Río Blanco: ideal para jogar golf em plena cordilheira – tem 9 buracos – além de se comer bem em seu restaurante. Km 33 do Camino Internacional, setor Río Blanco.
Guardia Vieja: parada obrigatória para ônibus, o lugar conta com dois bons alojamentos - Sol y Nieve, cuja especialidade são as empanadas; e Los Ventisqueros que, além dos chalés, oferece trutas e saborosas cazuelas, um cozido típico chileno. Camino Internacional km. 38. Tel. (56 34) 494-213.