São Paulo - A ausência de Dida na lista foi uma grande injustiça. E Romário pode ser o líder que falta à seleção. A opinião é de Carlos Germano, que está recuperado da contusão no joelho esquerdo, vem treinando em dois períodos e volta ao gol do Santos no clássico contra o Palmeiras, domingo à noite, na Vila Belmiro.
Ele quer recuperar rapidamente a forma e espera não ficar de fora da lista dos convocados por Wanderley Luxemburgo para o jogo contra a Venezuela, em Caracas, pelas Eliminatórias da Copa 2002. "Lamento profundamente o que fizeram com Dida, ele não foi o culpado pelas derrotas contra o Paraguai e o Chile. O fato de não ter sido chamado para o jogo contra a Bolívia é o mesmo que jogar toda a carga, toda a responsabilidade, sobre as costas dele, o que não é justo."
Para Carlos Germano, "o que está acontecendo na seleção não é em razão de um jogador, ou dele e do Roberto Carlos. Estão dizendo que Dida falhou no terceiro gol, mas é preciso considerar, se é que houve falha, que o jogo já estava 2 a 0 para os chilenos".
Com a autoridade de quem conhece muito bem o ambiente da seleção, Germano acha que estão sendo cometidos alguns equívocos, e que só os jogadores têm condições de reverter o quadro. "Não menos prezando o trabalho de Cafu e do Antônio Carlos, que agora está com a faixa de capitão, está faltando um verdadeiro líder para comandar o time em campo. Os dois são responsáveis, experientes e sabem o que querem, mas liderança vem do berço."
Na opinião de Germano, "não se forma um líder de um dia para o outro. Um jogador pode ter boa cabeça, boas idéias, querer mudar uma situação, mas não é exatamente assim que funciona. Só consegue mudar o comportamento de um time dentro de campo um jogador que nasceu com esse traço de liderança. Foi o caso de Dunga, que exigia de todos e era respeitado. Romário pode ser o líder que está faltando, por tudo que já fez pela seleção, pela maneira como lida com os companheiros e pelo respeito que merece de todos".
Para o goleiro do Santos, o maior erro da comissão técnica ao não convocar Dida e Roberto Carlos para o jogo do dia três de setembro, no Maracanã, contra a fraca Bolívia, foi ter levado em conta a pesquisa de opinião realizada por uma emissora de televisão, apontando os dois como maiores responsáveis pelo fracasso da seleção contra o Chile.
Germano entende que "muita gente anda tirando o corpo fora e deixando de assumir a responsabilidade na seleção. Por falta de um líder de verdade dentro de campo, um jogador tem receio de cobrar o outro. A mudança deve começar por aí. Romário tem tudo para resolver". Carlos Germano sofreu uma lesão no ligamento patelar do joelho esquerdo no jogo contra o Fluminense, o que impediu a sua convocação para o jogo contra o Chile.