Por Alexandre Mata Tortoriello
São Paulo – Não vai ser por falta de opção que Bruno Junqueira, que há 11 dias conquistou o Campeonato Internacional de Fórmula 3000 – categoria imediatamente inferior à F-1 – deixará de pilotar um carro de F-Indy ou F-1 no ano que vem. O mineiro garante que a decisão depende mais dele do que das equipes e patrocinadores.
"Tenho três equipes na F-1 e três na Mundial. Sauber, Arrows e Toyota, na F-1, e (Chip) Ganassi, Mo Nunn e Newman-Hass, na Indy”, diz Junqueira. “Claro que meu objetivo é ser campeão mundial de F-1. Se para isso eu tiver que ir para a Indy e ficar lá uns dois anos, é o que eu vou fazer”, explica o brasileiro, pensando em seguir o exemplo do colombiano Juan Pablo Montoya, campeão de F-3000 em 1998. Ele preferiu se transferir para a Indy, onde se sagrou campeão mundial pela Chip Ganassi no ano de estréia. No ano que vem, o colombiano estréia na F-1, correndo ao lado de Ralf Schumacher pela Williams.
Após duas semanas com a agenda toda preenchida por compromissos com patrocinadores e imprensa, Junqueira embarca neste sábado para a Europa. “Vou para Portugal testar a Williams. Treino segunda, terça e qarta”, explicou o piloto que só volta ao Brasil em três semanas. “Vou resolver nesse período em que vou para a Europa e, no fim do mês, devo fazer um anúncio.”
Perguntado se pode garantir que vai ter onde correr no ano que vem, o piloto mostra confiança, mas evita cantar vitória antes da hora: “Posso. Acho que posso”, responde. As especulações de que a Arrows já teria renovado contrato com seus dois pilotos atuais não assusta o mineiro. “Esta semana eu não conversei com eles ainda. Sei que o (Jos) Verstappen ainda está negociando”, revela Junqueira, acrescentando que espanhol Pedro de la Rosa já está garantido na escuderia.
Se Junqueira não fechar com uma equipe de F-1 na semana que vem, deve se voltar para os Estados Unidos, tentanto um lugar competitivo na Indy. Se optar por Sauber ou Arrows, estréia já no ano que vem. Se a escolha ficar com a Toyota, no entanto, o brasileiro vai esperar mais um ano para disputar corridas no Mundial de Fórmula 1. A montadora japonesa estréia em 2002 na categoria máxima do automobilismo e tem muitos quilômetros de testes pela frente em 2001.
O piloto diz que ainda não sabe se os atuais patrocinadores (Petrobrás, Café Três Corações e Gazeta Mercantil) vão continuar com ele. “Vai depender da equipe em que eu estiver”, explica. Além de diferentes orçamentos, os atuais patrocinadores das escuderias podem dificultar Junqueira. Na Arrows, de la Rosa garente o patrocínio da Repsol, espanhola que também fornece lubrificantes e combustível. Como o mineiro diz que o espanhol continua na equipe no ano que vem, se for para a Arrows, deve perder o cacife da estatal brasileira.
Nesta quarta-feira, o piloto foi visitar uma refinaria da Petrobás, em um dos muitos compromissos comerciais. Na terça, esteve em São Paulo visitando a Gazeta Mercantil. Apesar de ainda não ter conseguido tempo para curtir a conquista com a família, Junqueira não reclama. “O tempo todo foi de compromisso com patrocinadores e com a imprensa. Mas é o meu trabalho. No fim acho que dá tudo certo. Quem sabe mais pro fim do ano eu não possa ter um pouco de sossego com eles?”, brinca.
Lembrando-se do título na F-3000, Junqueira revelou que teve receio de perder o título na última prova do campeonato – quando seu carro teve problemas e acabou em nono -, mas confiou na boa vantagem que abriu ao lonog do campeonato, vencendo quatro das 10 corridas. “Na corrida em Spa foi difícil. Eu pensei que fosse para frente, mas no fim acabei ficando para trás”, explicou o mineiro, que havia largado em terceiro. “O Nicolas Minassian (francês que lutava pelo campeonato, com sete pontos de desvantagem) estava muito bem, conseguiu chegar até terceiro, mas o (Fernando) Alonso correu muito bem e tinha aberto uma grande vantagem.” Alonso acabou vencendo a prova, garantindo o título de Junqueira. Perguntado se não sentiu um frio na barriga por saber que não dependia mais apenas dele, ele sorri e diz aliviado: “É, um pouquinho sempre dá”.