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Asma é desculpa para doping no triatlo
Sexta-feira, 15 Setembro de 2000, 19h50

Sydney - A comissão médica do Comitê Olímpico Internacional (COI) está preocupada com uma "epidemia" de asma no triatlo. Esporte composto por três modalidades - natação, bicicleta e corrida -, o triatlo exige muito esforço físico mas, curiosamente, é também o que detém a maior incidência de atletas que se autodeclaram vítimas de asma. "No último mundial, 75 por cento de todos os participantes disseram ter asma ou bronquite. É um absurdo", diz o chefe da equipe brasileira, Lauter Nogueira.

De acordo com o professor Eduardo de Rose, um dos maiores especialistas do mundo na área de doping e membro da comissão médica do COI, isso acontece porque os remédios para essas doenças possuem uma substância de efeito anabolizante chamada clembuterol. Como a droga aumenta a força muscular e diminui a gordura, acaba por melhorar a performance do esportista. "Essa onda de atletas asmáticos ou pseudo-asmáticos é crítica no triatlo", disse De Rose, acrescentando que a comissão dedicou-se a analisar o problema alguns meses antes para adotar uma postura mais rígida em relação às "bombinhas" inaláveis.

Nos Jogos de Sydney, onde o triatlo participa pela primeira vez como modalidade olímpica, a comissão decidiu exigir que os atletas com asma apresentassem um atestado informando o tipo de medicação utilizada e a forma de ingestão. "Só permitimos o uso de três remédios e também podemos pedir exames de capacidade pulmonar para detectar se aquele atleta realmente sofre da doença", diz o médico.

De acordo com De Rose, estas Olimpíadas também vão apresentar um terceiro tipo de controle. "Vamos medir a quantidade de remédio na urina. Se for excessiva, o atleta pode ser considerado dopado". Até esta sexta-feira, dia de abertura dos Jogos, grande parte da centena de triatletas que vão competir nas provas de sábado e domingo já fez o teste de urina. Para fechar o cerco, parte deles foi sorteada para um exame de sangue adicional. ''Até agora não tivemos problemas'', disse De Rose.

O chefe da equipe brasileira espera que, com isso, as bombinhas características dos asmáticos estejam praticamente banidas nestas Olimpíadas. "Os atletas usavam a bomba na transição da natação para a bicicleta. A competição era desleal", disse Lauter Nogueira, que coordena a equipe brasileira, formada por seis atletas.

A competição de triatlo feminino acontece na sexta-feira à noite (horário de Brasília). Competem pelo Brasil Mariana Ohata, Sandra Soldan e Carla Moreno.

Reuters

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