Sydney - O nadador Gustavo Borges fechou o primeiro dia de provas dos Jogos Olímpicos de Sydney derrotando o iatista Torben Grael. Os dois eram os brasileiros que mais haviam ganho medalhas (três cada um) na história da participação do País em Olimpíadas. Com a medalha de bronze ganha no revezamento 4x100 m (3min17s40) no primeiro dia do programa olímpico da natação, Gustavo bateu Torben. Mas avisou que está torcendo para "que os ventos sejam bons" e o iatista iguale sua marca.
Além do recorde, Gustavo teve um desempenho fundamental para a vitória do Brasil, ao lado de outro herói, o baiano Edvaldo Valério, o Bala -uma referência ao veloz sprint final que sempre caracterizou o seu estilo. A medalha do Brasil teve Fernando Scherer, o Xuxa, Gustavo Borges, Carlos Jayme e Edvaldo Valério. O Brasil estava em quinto quando Xuxa fez a primeira passagem (49s79) - disse que nadou com muito esforço, tudo o que o seu pé que se recupera de uma entorse, permitiu.
Borges colocou o revezamento em quarto (48s61). Foi a vez de Carlos Jayme (49s88) e quando Edvaldo saltou o Brasil estava novamente em quinto. O baiano ganhou duas posições (49s12). Os brasileiros comemoram muito, abraçados na zona mista, a área de entrevista do Centro Aquático de Sydney.
Borges ainda volta à piscina do Centro Aquático para nadar os 100 m, livre, em uma prova que seu objetivo passa a ser classificar-se para a final. O nível técnico da distância será elevadíssimo. "A natação está chegando a níveis estratosféricos...", comentou, referindo-se à jornada de nove recordes olímpicos e cinco recordes mundiais. Gustavo não sabe ao certo o que pode estar ocorrendo? Uma piscina sem marola, com temperatura de 26, 27 graus, acima do habitual, ou sem cloro? Maiô tubarão? Desenvolvimento do esporte? "Acho que é um pouco de tudo isso, e tenham certeza que o preço pelo resultado é alto demais." Xuxa chorou, disse que fez o que podia.
Edvaldo, tranqüilo, fala na confiança da equipe de revezamento na sua velocidade e , principalmente, do ídolo, Gustavo. Ainda vai nadar os 50 m nesses Jogos Olímpicos, mas já pensa no futuro, tanto no imediato quanto distante.
"Graças a Deus deu tudo certo, Salvador que me aguarde", afirmou, referindo-se à comemorações em sua cidade, onde nada desde os quatro anos. O futuro mais distante passa, segundo o técnico Sérgio Luiz Sampaio Lacerda Silva, por mais condições materiais, como uma sala de musculação e uma equipe remunerada (massagista, nutricionista, fisiologista etc). "Edvaldo é uma pedra bruta que ainda tem de ser lapidada", afirmou Sérgio, referindo-se ao fato que o nadador, de 21 anos, ainda pode melhorar bem o seu tempo, de 49s93.