Maracaibo, Venezuela - Vencer a Venezuela sempre foi uma tarefa fácil para a seleção brasileira. E os números comprovam. Dos 13 jogos oficiais entre as duas equipes, o Brasil ganhou 11 por pelo menos quatro gols de vantagem. Agora, contudo, a realidade é outra, segundo os jogadores e a comissão técnica. Tanto que uma vitória simples, neste domingo, às 17h (de Brasília), em Maracaibo, já satisfaz o técnico Candinho. Sinal dos tempos.
Na despedida da atual comissão técnica, a seleção vive uma situação que retrata bem o que foi a “Era Luxemburgo”: falta de identidade. O Brasil continua sem um grupo definido e nenhum entrosamento dos jogadores. O treinador foi demitido há oito dias. Após a partida, sua equipe de trabalho seguirá o mesmo caminho.
No início das Eliminatórias, Luxemburgo e o então auxiliar Candinho faziam as contas de quantos pontos o Brasil precisaria para alcançar a primeira colocação. Depois de alguns resultados desastrosos, a ambição dos brasileiros diminuiu e uma vaga na Copa de 2002 passou a ser o principal objetivo, independentemente da posição final.
"Se ganharmos a partida, podemos terminar o primeiro turno em segundo lugar", afirmou Candinho. A seleção está em quarto, com 14 pontos, mas seus concorrentes diretos jogarão entre si. A líder Argentina enfrentará o Uruguai e o Paraguai já chegou aos 17 pontos após a vitória sobre a Colômbia, no sábado.
Dos melhores colocados, o Brasil jogará contra o adversário mais fraco. A Venezuela venceu apenas uma partida em toda a competição e perdeu as outras sete. Mesmo assim, o discurso dos jogadores e do treinador da seleção é excessivamente cauteloso.
"Vai ser um jogo muito difícil", comentou o goleiro Rogério Ceni. "É bom o torcedor saber que goleada não vai acontecer, porque qualquer partida das Eliminatórias, ainda mais na casa do adversário, nunca é fácil", ratificou Candinho.
A maior prova de que a seleção está realmente preocupada com a Venezuela é a escalação do time. Candinho optou por jogadores fortes na marcação e sem criatividade, que nunca haviam sido convocados nas Eliminatórias, como o zagueiro Cléber e o volante Donizete.
a primeira vez no ano, a equipe terá um volante que irá se limitar a destruir jogadas. Uma das características de Donizete, do Cruzeiro, é fazer muitas faltas. O jogador tem poucos recursos para atacar.
O treinador enfatizou a importância de parar a jogada antes de a bola chegar à defesa brasileira. "No meio, não pode ter medo de se fazer falta", gritou com os atletas, na sexta-feira, na Granja Comary, durante o único coletivo realizado antes da partida.
Justamente pela falta de tempo para treinar, Candinho optou por escalar uma base vascaína no setor ofensivo da seleção: Euller e Romário formarão a dupla de ataque e Juninho Paulista e Juninho Pernambucano serão os responsáveis pela armação das jogadas.