Porto Alegre - O primeiro dia de competições da Paraolimpíada de Sydney pode ser resumido numa palavra amarga para os brasileiros: frustração. No tênis de mesa, foi 3 a 0 para a Áustria; no basquete, o Brasil levou 71 a 56 de Portugal, sabendo que no dia seguinte iria enfrentar a favorita Espanha, que havia massacrado o Japão por 87 a 20. No judô, finalmente, o primeiro representante, Helder Maciel Araújo, caiu na estréia, enquanto Alessandro Fabiano Oliveira ao menos chegou a disputar a medalha de bronze e terminou em quinto lugar.
Até que foi uma boa resposta o desempenho de Alessandro Oliveira para uma tarde que começou pelo choro de Helder, logo ele em quem o técnico Fernando da Cruz colocava razoáveis esperanças. De fala articulada, pensamento claro, apesar de terem se passado pouquíssimos minutos da derrota na semifinal, Alessandro deixou uma mensagem positiva. "Tenho 28 anos e há três paraolimpíadas persigo a medalha. Fui quinto em Barcelona, sétimo em Atlanta e quinto, agora. Mas não faz mal, vou continuar lutando porque o verdadeiro campeão é o que também sabe absorver as derrotas", declarou.
É o que parece ter acontecido com ele. Explicações até que havia. Uma delas: apenas há quatro meses trocou de categoria, baixando dos 73 quilos para os 66 quilos, uma estratégia para a equipe aumentar as chances de participação em Sydney com mais lutadores. Bem condicionado Alessandro diz que está, mas como o trabalho nesse novo peso tem pouco tempo, ainda não atingiu toda a força que deve ter.
Outra: o técnico explicou que ele pegou a chave mais difícil, onde estavam os dois melhores do mundo, o japonês Satoshi Fujimoto e o norte-americano Marlon Lopez. De fato, foram os dois que o derrotaram. Fujimoto ficou com o ouro, e o americano, com o bronze. Mas uma campanha com duas vitórias (sobre o inglês Darren Kail e o sul-coreano Jong-Dea Lee) e duas derrotas, justamente para adversários desse nível, foi considerada boa.
Segundo Fernando da Cruz, foi a melhor participação de Alessandro em paraolimpíadas. Como a reação do lutador de cabeça raspada foi rápida, o próprio treinador deve ter se convencido disso. E o ippon que levou de Lopez, com pouco mais de um minuto de luta, passou a ser assunto para ser analisado com calma junto ao técnico, quando for definir a estratégia para as competições dos próximos meses. A preocupação seguinte já era com a rodada deste sábado (3h pelo horário de Brasília), quando mais três brasileiros estarão no tatame: Antônio Tenório da Silva e Leonel Cunha Moraes Filho, que pegaram boas chaves, e Divino Aurélio Dinato, que caiu numa chave mais difícil.