Porto Alegre - Quando Marco Antônio dos Santos, técnico da seleção brasileira de levantamento de peso há 10 anos, recebeu uma indicação de que em Natal havia uma jovem promessa e decidiu viajar para lá, estava garantindo a chance de disputar uma medalha na Paraolimpíada de Sydney.
Terezinha Mulato, 20 anos, era a estudante que começou no esporte aos 15 anos, depois de ver algumas apresentações pela televisão. Neste sábado australiano (a partir das 23h30min de hoje em Brasília), vai disputar um lugar no pódio com velhas conhecidas e brigar pela prata e pelo bronze.
O ouro da categoria até 80 quilos tem dona, a mexicana Amália Vasquez, mas logo abaixo há boas chances. Antes de embarcar para Sydney, Marco Antônio passou vários dias em Natal treinando seu maior trunfo olímpico (Alexander Withaker e João Euzébio da Silva têm como objetivo se classificar entre os oito melhores). Aqui, os trabalhos têm se limitado a exercícios físicos, especialmente para o fortalecimento do peito, e ao preparo psicológico.
O resto é um jogo de esconde-esconde, que fica por conta dos treinadores. Marco Antônio escolhe o local de treinamento entre o ginásio e a academia de acordo com a posição de seus principais adversários. O objetivo é impedir que eles saibam quantos quilos Terezinha poderá levantar. No levantamento de peso, durante a competição, o técnico indica na hora quantos quilos seu atleta irá tentar erguer. Portanto, o blefe é livre e pode garantir a vitória. Ou não.
Terezinha Mulato, 49 quilos, é a única mulher que compete nesta categoria (supino 75 quilos). No mundial de novos disputado na Nova Zelândia, em 1999, foi medalha de prata.
No sábado, pelo horário de Sydney, o Brasil ainda participará no atletismo, natação e judô, além de estrear no futebol. O jogo será contra a Rússia. Se vencer, terá boas chances de chegar à final. Caso contrário, as possibilidades de classificação estarão bem reduzidas.