São Paulo - O prestígio de Wanderley Luxemburgo voltou a crescer no futebol brasileiro. O treinador recusou nesta terça-feira à noite convite para dirigir o Santos.
À tarde havia dito não ao Atlético Mineiro. Aconselhado por seus advogados e por sua família, Luxemburgo preferiu "guardar energia" para seus depoimentos na CPI.
"Fiquei muito dividido antes de dizer não ao presidente Marcelo Teixeira.
Estou com vontade de trabalhar, só que não seria honesto não podendo me concentrar completamente ao Santos agora. Existe a CPI, onde tenho de lutar para limpar minha honra. Tive muito orgulho em ser chamado pelo Santos mas tive de dizer não", dizia o treinador nesta terça, às 21h. "Durante a tarde precisei falar para o presidente do Atlético Mineiro, Nélio Brandt, que não poderia trabalhar em Minas Gerais. O motivo foi o mesmo: não poder dar toda minha atenção e energia. Foi uma pena dizer não a dois clubes tão grandes e de tanta tradição como Santos e Atlético Mineiro."
Luxemburgo fugiu da imprensa durante todo o dia. Ele estava conversando com seus advogados e com sua família. Ficou realmente em dúvida. "Tive de falar para o Wanderley que não sabia se ele teria tranqüilidade para trabalhar e dirigir um clube de massa com a responsabilidade de ganhar todos os jogos para se classificar. Não mando no Wanderley, só dei a minha sugestão", afirma o advogado Michel Assef.
Luxemburgo disse que estava disposto a trabalhar de graça no Santos. "Quando saí, fui tachado de mercenário. Que eu teria virado as costas para o clube. Isso foi uma mentira. Queria muito voltar a trabalhar com Edmundo e Rincón. Conheço os dois como a palma da minha mão. Sei que o Santos tem um grande elenco e pode dar uma arrancada até para ganhar o título. Fico muito chateado em não voltar."
Ele desmente que tenha sido vetado pelo Conselho Deliberativo santista: "Não houve negativa dos conselheiros. Ainda há pessoas que estão chateadas comigo na Vila Belmiro, mas a maioria me queria de volta. Não foi o conselho que barrou minha volta. Longe disso. Se fosse assim, o presidente Marcelo Teixeira não teria sido tão insistente em me ter de volta à Vila Belmiro.
Tudo foi bem esclarecido na minha conversa com o diretor de futebol Nicolino Bozzella."
O treinador também assegura que sua família não teve peso decisivo na sua recusa. "Respeito muito minha mulher Jô e minhas filhas, mas quem decidiu fui eu. Precisei dizer não agora. Mas quem garante que no futuro não possa voltar ao Santos? Pretendo voltar a trabalhar apenas no começo de 2001. Não haverá problema algum se for no Santos. Até seria melhor porque seria possível fazer um projeto de trabalho. Assumir um clube às pressas também não seria o ideal."
Folga até 2001 Com as negativas ao Atlético Mineiro e ao Santos, Luxemburgo agora tem certeza que os clubes brasileiros não o procurarão para trabalhar mais este ano. Assim irá se preocupar apenas com a CPI. "Estou com todas as provas que me inocentam. Não vejo a hora de ir para Brasília responder às perguntas dos deputados e dos senadores. Ficará claro que sou inocente de todas as acusações. E voltarei a trabalhar da melhor maneira possível no próximo ano."
Embora não queira confirmar oficialmente, em 2001 Luxemburgo poderá realizar um velho sonho: trabalhar no Exterior. Depois de provar sua inocência, o técnico já disse a amigos que trabalhar na Europa seria "ótimo" para seu currículo. Luxemburgo já teve ofertas de vários clubes da Espanha antes de acertar com a seleção brasileira. Mesmo durante a Copa América e o Pré-Olímpico, recebeu várias sondagens do Exterior. Com as denúncias de Renata e sua saída da Seleção, elas desapareceram. Mas ele tem certeza de que voltarão depois da CPI.
"O Santos e Atlético Mineiro me fizeram sentir que não estou morto para o futebol brasileiro, apesar de muita gente torcer por isso."