Rio - O departamento jurídico do Cruzeiro bem que tentou, mas o atacante Geovanni, suspenso pela Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) está fora da partida deste sábado, contra o Vasco, em São Januário, pelas semifinais da Copa João Havelange. O jogador, orientado pelo advogado Ildeu da Cunha Pereira, entrou
com uma ação cautelar, nesta sexta-feira, na Justiça comum, para ter condições de jogo, mas não teve sucesso.
O pedido foi negado pelo juiz Rogério de Oliveira Souza, da 20a. Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que justificou que caberia uma redistribuição para outra instância. Como não haveria tempo hábil, os advogados mineiros desistiram da ação em nome de Geovanni, que acompanhou tudo de Belo Horizonte.
O atacante, que será substituído por Fábio Júnior, foi suspenso no começo da semana por duas partidas - das quais cumpriu uma - em razão de sua expulsão contra o Flamengo, ainda pela primeira fase da Copa João Havelange, em 14 de novembro. O árbitro daquele jogo, o paulista Alfredo dos Santos Loebeling, relatou na súmula que Geovanni ofendeu um de seus auxiliares naquele jogo, Flávio Lúcio Magalhães.
A iniciativa de Geovanni pedir a liminar foi tomada para proteger o próprio Cruzeiro, que se entrasse na Justiça comum poderia sofrer sanções. No entanto, isto não livraria o clube mineiro de punições, segundo o presidente do STJD, Luiz Zveiter, que negou nesta sexta-feira o pedido de efeito suspensivo para o jogador.
De acordo com o Zveiter, caso a Justiça comum tivesse dado razão a Geovanni e o Cruzeiro o escalasse, o clube poderia ser punido com a perda de cinco pontos, sendo eliminado das semifinais da Copa JH.
Enquanto isto, a guerra entre Vasco e Cruzeiro continua nos bastidores. O técnico Luiz Felipe Scolari voltou a criticar o supervisor do clube de São Januário, Isaías Tinoco, que o chamou de mentiroso e ainda ameaçou barrar o treinador por causa de suas declarações.
Segundo Scolari, antes da Copa JH, ele foi procurado por um representante do Vasco que lhe ofereceu emprego. O treinador teria, então, feito uma série de exigências, inclusive a indicação de uma outra pessoa para o cargo de Tinoco.
“Não sou mentiroso. Na época, a pessoa do Vasco me disse que, se eu quisesse, o Isaías não continuaria no cargo. Não quero tirar o emprego de ninguém, mas este representante afirmou que ele seria deslocado para o setor de petecas ou de remo. Está cheio de puxa-saco de patrão por aí”, disse o treinador.
Sobre a escalação do árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon, seu desafeto, para apitar a partida deste sábado, Scolari preferiu usar de ironia: “Se Armando Marques optou por Simon é porque confia nele. Minhas diferenças com ele ficam fora de campo. Simon faz o dele e eu faço o meu”, disse ele, antes de revelar uma estatística. “Ele já apitou partidas de
meus times dez vezes e em todas elas minha equipe perdeu. Vai ver que meu time atuou mal todas as dez vezes”.
Guerras de liminares e discussões extra-campo à parte, Scolari espera uma disputa limpa dentro das quatro linhas. “Fora de campo, as atitudes erradas já foram tomadas. Dentro de
campo vai se jogar futebol e o Simon vai ter o controle do jogo”.
Opinião parecida tem o zagueiro Cléber, que não vê problemas em jogar em São Januário. “Temos de esquecer tudo o que aconteceu para não atrapalhar o time. Só a pressão da torcida do Vasco pode influenciar”.
O Cruzeiro está escalado para enfrentar o Vasco com a seguinte formação: Fabiano, Rodrigo, Cris, Cléber e Sorín; Donizete, Ricardinho, Jackson e Sérgio Manoel; Oséas e Fábio Júnior.