Belo Horizonte - Por US$ 3,5 milhões, o Atlético bateu o martelo. O armador Lincoln, 22 anos, foi vendido para o Kaiserslautern e viaja terça-feira para a Alemanha. Ele disputará a temporada 2001/2002 do Campeonato Alemão, um dos mais ricos do mundo.
A notícia foi confirmada pelo presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Alexandre Kalil, que retornou domingo de manhã da Alemanha. “Estávamos negociando propostas pelo Ramon e pelo Lincoln, e a do Lincoln foi mais rápida. Os representantes do Kaiserslautern vieram aqui antes, mas não fechamos. Aí o presidente deles me ligou e pediu para que eu fosse para lá na sexta com o intuito de acertarmos os últimos detalhes", contou.
O Kaiserslautern pagará US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 8 milhões) ao Atlético, à vista. “Em caso de revenderem o Lincoln, nós ainda receberemos 20% do valor", detalhou Kalil. Bom negócio para o clube mineiro? “Acho que sim, espero que seja", disse o dirigente, sem entrar em detalhes sobre como investirá o dinheiro da venda.
Lincoln deixou a concentração da equipe em Águas de Lindóia, onde o Atlético faz sua pré-temporada, no sábado, quando chegou a notícia de que estava praticamente vendido ao Kaiserslautern. Foi direto para sua casa em São Brás do Suaçuí, onde resolveu problemas particulares e arrumou as malas. Ontem à noite, o jogador viria para Belo Horizonte. Hoje, ele deve se encontrar com a diretoria do clube somente para acertar sua saída.
Lincoln tem sua origem nas categorias de base do Atlético. Já teve bons momentos na carreira, como a convocação para a Seleção Brasileira principal em 1998 e para a Sub-20 em 1999. Foi também pré-convocado para disputar a Olimpíada de Sydney, no ano passado. Mesmo assim, não conseguiu conquistar definitivamente o carinho da torcida atleticana, principalmente nos últimos tempos, quando vinha sendo cobrado pelos torcedores.
Segundo seu procurador, Renan Kfouri, o clube alemão gostaria de ter Lincoln incorporado ao seu elenco o mais rapidamente possível, para que ele possa disputar o próximo Campeonato Alemão.
O Kaiserslauten quer voltar a vencer o campeonato. O clube teve dois bons períodos na história da competição: na década de 50, quando foi campeão em 1950/1951 e em 1952/1953, ressurgindo nos anos 90, quando venceu as temporadas 1990/1991 e 1997/1998.
Com a iminente saída de Lincoln, o técnico Levir Culpi ficará com um jogador a menos no elenco. O supervisor Carlos Alberto Isidoro declarou ontem, em Monte Sião (onde a equipe treina), que o técnico deverá conversar com a diretoria para saber como reorganizará a equipe. Levir espera poder contar com um reforço ainda durante a pré-temporada.
Marques convive com a saudade
Os jogadores do Atlético passarão praticamente um mês longe de casa. Para aqueles que têm família, principalmente filhos, a pré-temporada em Águas de Lindóia poderá se tornar estressante à medida que o tempo passar e a distância for ficando mais e mais sentida. Alguns atletas, como Marques, tentam ser otimistas. “Só faltam 27 dias", brincou o atacante.
A delegação chegou a Águas de Lindóia, São Paulo, na última sexta-feira. Todos os dias, o time atravessa a fronteira e vai treinar no Centro de Treinamentos do ex-jogador Oscar Bernardi, próximo a Monte Sião, já em Minas Gerais. Essa rotina se repetirá por quase um mês.
Por enquanto, tudo bem. “Estamos muito no início ainda. É claro que já temos saudades de casa, mas dá para conviver com isso. Eu acredito que, mais para frente, vai ficar ruim estar tão longe, por tanto tempo", comentou Marques, pai de dois filhos, um de 4, outro de 1 ano de idade.
“Eles estão naquela idade em que sentem muito a falta do pai. E o pai também sente muita falta deles. Nós brincamos muito quando estamos juntos, é uma convivência forte. Já sinto saudades e sei que vou sentir mais ainda com o tempo", suspirou o atacante, que mistura os ditados. “Não tem jeito, né? Se estamos na chuva, é para nos queimarmos mesmo. Temos que ser otimistas", brincou.
Por enquanto, os trabalhos da comissão técnica vêm focalizando o desenvolvimento da capacidade física dos atletas. “Só está tendo trabalho físico. Nós ficamos alguns dias parados, mas, até agora, não estou sentindo dores. A tendência é, à medida que os exercícios forem ficando mais puxados, começar a surgir uma dorzinha aqui, outra ali. Aí a gente tem que começar a controlar. Mas tudo isso está previsto pela comissão técnica, eles já estão preparados", ressalta o atacante.