Rio - Todos tentam minimizar o problema da altitude de 3.640 metros para o jogo decisivo de quarta-feira, às 22h (horário de Brasília) contra a Bolívia, em La Paz, mas o que se viu no primeiro treino com bola da Seleção Brasileira, na Granja Comary, em Teresópolis, foi um técnico Luiz Felipe Scolari preocupado com o fôlego dos jogadores. É proibido impor um ritmo forte para não sentir os efeitos da altitude.
“Dosa Edílson, dosa Edílson. Denílson conta até três”, gritou Felipão, pedindo para os atacantes não voltarem para ajudar a marcação em velocidade.
Felipão, na verdade, armou uma estratégia de guerra para superar a altitude e, por conseqüência, a Bolívia, para conquistar a classificação para a Copa do Mundo de 2002. As receitas são, além de dosar bem o fôlego, jogar uns perto dos outros e manter o máximo possível a posse de bola.
Alvo da atenção do técnico, o atacante Edílson avisa que, por força da natureza, pretende modificar seu estilo de jogo em La Paz, seguindo à risca os mandamentos do técnico Felipão. “Sou um jogador de velocidade. E jogar em La Paz se exige muito da parte física. O Felipão tem razão. Preciso dosar um pouco mais”, garante o atacante.
Campeão da Copa América em 97, o atacante Denílson parece disposto a desobedecer Felipão. Ele avisa que, se jogar, vai se empenhar ao máximo. Se cansar durante a partida, pede para sair. “Eu vou para dentro dos caras. Se cansar, peço para sair. Não senti nada em 97, quando fui campeão. O único peso que senti na altitude foi o da taça”, ironizou.
Bem mais comedido, mas com o título da Copa América também no currículo, o lateral-direito Cafu alerta para os perigos da altitude e, apesar de ter fôlego invejável, admite que correr muito pode ser prejudicial. “Tem que voltar devagar para recuperar forças e sair com tudo para os contra-ataques. É preciso ter gás para jogar e muito cuidado com o desgaste”, adverte.
O meia Juninho Paulista sabe que não pode manter seu estilo de conduzir a bola em velocidade e, mais do que isso, aponta os efeitos da altitude de La Paz na bola. “Temos que ficar com a posse de bola, pois não adianta fazer passes longos. Além disso, a bola fica mais rápida e é preciso ter o maior número de jogadores próximos”, ensina.