São Paulo - Quando o atacante Gil, do Corinthians, chegou ao Estádio Teixeirão, em São José do Rio Preto, já sabia que não jogaria o clássico contra o São Paulo, mas manteve as aparências nas rápidas entrevistas de corredores de vestiário. Foi a última cena no papel que lhe cabia no confronto de sábado passado: fingir que entraria em campo, mesmo com uma incômoda dor muscular na coxa direita.
Nas duas últimas partidas pelo Campeonato Brasileiro, empate de 1 a 1 diante do São Paulo e vitória de 2 a 0 sobre o Santos, o Corinthians tem feito teatro nas escalações para confundir os adversários. O técnico Wanderley Luxemburgo explica. “Na sexta-feira, eu já sabia que o Gil não jogaria, mas pedi para ele caminhar um pouco no treino. Falei ‘pode ficar parado, mas fica aí”, relembra Luxemburgo, justificando-se.
“Por que eu tinha que antecipar que o Gil não jogaria? Deixei o Nelsinho (Baptista, treinador do São Paulo) se preocupar com ele e fazer a preleção em cima dele, que é um grande jogador”, afirma o treinador, que durante a semana passada chegou a dizer que a lesão de Gil era apenas “psicológica”.
A primeira montagem do teatro de Luxemburgo, entretanto, foi em Santos, há nove dias. Na Vila Belmiro, também tendo o atacante Gil como protagonista, o jogo de cena na escalação foi um dos principais trunfos para a vitória corintiana, reconhecido como tal até mesmo pelos santistas.
Gil voltava à equipe após quase 50 dias sob cuidados médicos e, quando todos esperavam que estaria no banco de reservas, entrou como o terceiro atacante corintiano. Luxemburgo só divulgou a escalação poucos minutos antes do clássico, provocando confusão de informações até na emissora de TV que transmitia a partida.