Qual o seu percurso até chegar à vida política?
Quando eu participei do programa do Silvio Santos, de um concurso de transformista, me vi obrigado a sair de casa. Resolvi sair de casa e provar com o tempo que antes de ser gay e transformista ou travesti, eu era um bom filho. Aí me joguei na vida e sem saber, eu já estava fazendo política. Se você comprar uma calça jeans X ou Y, você já está sendo político, já está fazendo uma escolha. Então, na verdade, não existem seres apolíticos. Eu, junto com um grupo de pessoas bem pequeno, fui um dos fundadores da Parada Gay de São Paulo. As pessoas não sabem, mas o embrião da Parada Gay foi uma manifestação que fizemos na Praça Roosevelt, com cerca de 300 pessoas. Desde 1996, eu participei da Parada Gay esperando que algum representante fosse gritar por mim, esbravejar por mim, apresentar meus projetos. E eu não vi isso, até que minha mãe me alertou: “por que você não faz isso? Quem quer faz não manda fazer e não fica esperando. Você é jovem, inteligente e forte”. E ela tinha razão. Foi então que eu me candidatei pela primeira vez e tive 22 mil votos, com 36 anos.
Qual fato de sua vida pessoal estimulou seu interesse político?
O que me colocou definitivamente na política foi ter elaborado um projeto de educação infantil, para ensinar as crianças o que é tolerância, o que é diversidade e que todos podem ser respeitados. Entreguei o projeto em uma reunião que tive na Assembleia, em 2004 ou 2005 não me lembro. Apresentei o projeto, gostaram da ideia e eu fui embora. Mas como tinha esquecido meu celular, eu voltei na sala pra pegar, quando eu voltei, estavam rasgando o projeto e a frase que eu ouvi foi, esse “viado” tem mais é que morrer. Naquele momento eu decidi que não podia contar com ninguém e, se eu quisesse alguma coisa, eu teria que fazer.