Como suas experiências pessoais se relacionam com a vida política?
As coisas se misturam entre vida pessoal e profissional. Eu e minha personagem somos uma pessoa só, não consigo separar as coisas. Eu vivo política 24 horas por dia, eu sou pós-graduando em política. Eu me cansei de ver o povo tão desunido e eu sou meio sonhador, meio apaixonado, meio romântico. E aí eu resolvi me envolver com essa causa para fazer valer essas coisas. Por que se não a gente fica num belo de um discurso e direito que é bom, nada. A gente tem muita visibilidade, ok. Visibilidade nós já conseguimos, mas como transformar isso em direito? Essa é a grande questão.
Há quanto tempo você está se candidatando a algum cargo público?
Essa é a segunda vez, mas sempre fui muito engajado. Inclusive já apoiei outros candidatos. Sempre eram candidatos heterossexuais que queriam tirar proveito. Nessa hora aparece um monte de simpatizante querendo tirar proveito do mundo gay. E usavam o privilégio da minha imagem para o público gay. E eu dei muito voto pra hetero, até que um dia eu me perguntei: “mas porque eu tenho que ficar sempre à sombra de um heterossexual, que quer de alguma maneira tirar proveito, porque que nós não vamos lá?”.
Mas você tinha alguma afinidade de proposta com esses candidatos?
As vezes não. As vezes o candidato estava perdido num mar de possibilidades e eu apresentava um projeto e falava: “quer lutar por este projeto? Eu te apoio”. Aí ele se comprometia comigo que se eleito apresentaria esse projeto e em troca eu conseguiria votos para aquela pessoa. Só que as promessas nunca se cumpriam.