Nas missas católicas, cultos em templos evangélicos e orações na mesquita da cidade do Chuí, o comparecimento médio de fiéis varia entre 10 e 15 pessoas. Em datas importantes esse número aumenta, chegando a triplicar, mas religiosos acreditam que isso se trata mais de uma convenção social ou superstição do que fé.
"Eu não vou tapar o sol com a peneira. Como padre, muitas vezes fico abalado, desmotivado... por mais que a gente fale nas missas e convide, parece que existe uma surdez. As pessoas estão ali na missa quando tem batizados, a igreja enche, mas eu sei que nuca mais vou ver aquelas pessoas, talvez numa missa de sétimo dia ou casamento", afirma o padre responsável pela comunidade do Chuí, Luiz Fernando Silva da Matta.
Para ele, os rituais religiosos se tornaram apenas um evento social. "Tem o batizado, depois tem a festinha e o almoço. O que era sagrado se tronou algo social", afirma o padre que já chegou a rezar missas com menos de 10 pessoas. Durante essas missas de sétimo dia ou batizados, observa Matta, alguns
fiéis sequer sabem fazer o sinal da cruz, "fazem alguma coisa parecida. Eu acho até engraçado".
A situação é a mesma entre os evangélicos, "nós temos um grupo de mais ou menos umas 15 pessoas", diz o pastor Teles Rodrigues da Silva, da Igreja Metodista Wesleyana. Para tentar reverter o quadro ele diz que sua igreja faz um trabalho de porta em porta. "Saímos com folhetos, batemos na porta das pessoas, conversamos e convidamos. Tem gente que nem abre, mas no geral, as pessoas, de certa maneira, mostram cordialidade, mas não respondem. Dizem que vão, mas acabam não indo", afirma.
Padre responsável pela igreja da comunidade do Chuí, Luiz Fernando Silva da Matta
Crédito: Daniel Favero