Repórter Terra |
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Movimentos pressionam e boicotam produtos com OGMs
Adriano Floriani
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Divulgação/Greenpeace |
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Greenpeace faz ação em supermercados contra produtos suspeitos de conter OGMs |
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Ambientalistas, trabalhadores rurais, consumidores e parte da comunidade científica brasileira denunciam que os transgênicos estão sendo utilizados na alimentação humana e animal sem que haja consenso no meio científico sobre sua segurança. "A soja da Monsanto está sendo autorizada sem estudos de impacto ambiental e na saúde humana", acusa Tatiana Carvalho, coordenadora da campanha de consumidores do Greenpeace Brasil, organização ambiental internacional.
Segundo ela, não foi avaliada ainda a aplicação do glifosato (nome genérico do herbicida Roundup, usado contra ervas daninhas) sobre a planta. A ambientalista deixa claro que não é contra as pesquisas em biotecnologia, mas sim contra a rápida liberação para o consumo.
Há quatro anos a campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos", uma rede integrada por 82 organizações (ONGs), busca conscientizar a opinião pública sobre os riscos que os produtos transgênicos podem trazer para a saúde e para o meio ambiente. A campanha é coordenada pelo Greenpeace, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa), a Actionaid, a Fase (Federação de Órgão para a Assistência Social e Educacional), o Inesc (Instituto de Estudos Sócioeconômicos) e a Esplar (Centro de Assessoria e Pesquisa).
Pressão social
A partir da pressão social, os ambientalistas têm conseguido atingir os objetivos. O boicote aos alimentos com OGMs é a principal estratégia. O Greenpeace vem realizando ações em supermercados do País, pregando rótulos em produtos da lista vermelha do Guia do Consumidor - lista de produtos com ou sem transgênicos, em que se lê "pode conter transgênicos". Além disso, devolvem ao estabelecimento itens que podem ter sido fabricados com matéria-prima geneticamente modificada.
A rejeição crescente aos transgênicos, conforme Tatiana Carvalho, pode afetar as vendas das indústrias que comercializam alimentos com ingredientes geneticamente modificados. O Greenpeace conseguiu fazer com que 27 indústrias alimentícias se comprometessem a não utilizar transgênicos. Em troca, essas empresas passaram a integrar a lista verde do Guia do Consumidor. Na lista vermelha, constam mais de 265 produtos citados como suspeitos de conterem algum ingrediente geneticamente modificado.
Desrespeito às leis
O médico veterinário Sezifredo Paz, consultor técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), afirma que a polêmica sobre o plantio e comercialização de soja transgênica no País existe porque a lei está sendo desrespeitada. "As leis e normas ambientais, que exigem estudos de impacto ambiental, as de defesa do consumidor, que regulam os rótulos de embalagens de produtos que contém transgênicos e a decisão judicial que impede a liberação dos transgênicos no País, não estão sendo cumpridas", afirma.
Já o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) considera que os transgênicos vieram para aumentar o nível de dependência da agricultura brasileira em relação a grandes grupos multinacionais do agronegócio. "Entendemos que as sementes são um patrimônio da humanidade, e esse patrimônio deve estar a serviço das pessoas, e não do lucro", diz o engenheiro agrônomo Vicente Eduardo Soares de Almeida - coordenador do Setor Nacional de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST.
Os transgênicos na agricultura, conforme Almeida, são a continuidade do modelo da Revolução Verde, que se baseou no uso dos agrotóxicos e adubos químicos para elevar a produtividade das plantas em detrimento da saúde e do meio ambiente. "A pergunta que deve ser feita é se nós precisamos dessa tecnologia (transgênicos) ou se é mais uma imposição da indústria, que cria necessidades nos consumidores", questiona Tatiana Carvalho, do Greenpeace.
Terra
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