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As mulheres que regularmente não dormem o suficiente são mais propensas a apresentar doenças cardíacas, de acordo com um novo estudo. No entanto, o trabalho mostrou também que as mulheres que dormiam mais de nove horas por noite correram um risco maior de sofrer enfarte, explicou Najib Ayas, do Brigham and Women's Hospital, em Boston (Massachusetts), durante o encontro anual das Sociedades dos Profissionais Associados do Sono, na quarta-feira.

"De acordo com um levantamento feito em 2001 pela Fundação Nacional do Sono (National Sleep Foundation), um terço, isto é, 37% da população dorme ao menos oito horas por noite", disse Ayas na conferência. "Já 31% disseram dormir menos de seis horas por noite." Além de causar sonolência diurna, a privação de sono também está associada a prejuízos para a saúde, observou o pesquisador. No trabalho atual, a equipe de Ayas avaliou a possibilidade de a duração do sono inferior à necessária produzir consequências a longo prazo - principalmente o aumento do risco de doenças cardíacas.

Os cientistas estudaram, então, 71.617 mulheres com idade entre 45 e 65 anos que participavam do Estudo de Saúde de Enfermeiras. Nenhuma delas apresentava registro de doença cardíaca no início da pesquisa. No trabalho coordenado por Ayas, as mulheres informaram aos pesquisadores a duração do sono noturno no ano de 1986 e foram acompanhadas durante a década seguinte. No período analisado, verificou-se a ocorrência de 934 enfartes e outros problemas coronarianos - fatais e não-fatais - entre as voluntárias. As mulheres que dormiam cinco, seis ou nove horas ou mais por noite apresentaram um risco maior de sofrer enfarte ou outros problemas, constatou a equipe.

Usando como referência as mulheres que dormiam oito horas por noite, os pesquisadores descobriram que as voluntárias cujo sono durava menos de cinco horas apresentaram um risco 82% maior de ter doença cardíaca. Entre as mulheres que dormiam seis horas, essa probabilidade foi 30% maior. O risco foi 57% mais elevado entre as participantes que dormiam nove horas ou mais.

De acordo com Ayas, uma grande vantagem do estudo foi a equipe ter obtido informações sobre o estilo de vida das voluntárias e sobre os fatores que podem influenciar o risco de doença cardíaca - como "diabete, ronco, hipertensão, depressão, trabalho em turnos, uso de álcool, tabagismo e uso de aspirina".

Após fazer o ajuste para esses fatores, constatou-se uma redução do risco apresentado pelas mulheres que dormiam muito ou pouco. No entanto, esse risco permaneceu mais elevado que o do grupo que tinha oito horas de sono por noite. As voluntárias que dormiam cinco horas ou menos apresentaram um aumento de 39% na probabilidade de desenvolver doenças cardíacas, enquanto esse risco foi 37% mais alto para quem dormia nove horas ou mais.

Ayas reconheceu que o estudo tem várias limitações, entre as quais estão o fato de as próprias voluntárias terem relatado o tempo de sono e o de essas informações serem relativas apenas ao ano de 1986. Além disso, os resultados não são aplicáveis a homens. "Nossos resultados sugeriram que tanto a duração curta do sono quanto a prolongada - registrada pelas próprias voluntárias - estão associadas de forma independente a um aumento modesto do risco de surgimento de problemas coronarianos em mulheres", concluiu Ayas.

Reuters Health

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