Há mais de 15 anos, a terapia de reposição hormonal é vista por muitas mulheres como uma espécie de "fórmula da juventude", que permite manter uma grande qualidade de vida mesmo depois dos desconfortos físicos e psicológicos trazidos pela menopausa.Mas uma pesquisa recente, feita pela Women’s Health Iniciative com mais dezesseis mil mulheres nos Estados Unidos, mostrou que nem todos os tratamentos de reposição hormonal são tão seguros quanto se pensava. Uma combinação de remédios muito usada, feita com hormônios femininos retirados da urina de éguas grávidas, aumenta consideravelmente a incidência de derrame (41%), ataques cardíacos (29%) e câncer de mama (26%) nas mulheres que utilizam o tratamento.
"A pesquisa nos obriga a reconsiderar uma série de procedimentos", afirma o médico Ricardo Meirelles, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). "Mas é muito importante entender que a pesquisa diz respeito somente a um tipo de medicação (o mais antigo) que, embora ainda muito utilizado, não é o único disponível", explica.
Segundo uma nota emitida pela própria SBEM no começo de julho, "a pesquisa só se refere a um tipo de associação de hormônios, que utiliza estrogênios extraídos da urina de éguas grávidas e o progestágeno sintético acetato de medroxiprogesterona, ambos por via oral e administrados continuamente". Ricardo Meirelles assinala que, quanto os remédios mais modernos, utilizados em outras dosagens e bem mais parecidos com os hormônios naturais da mulher, nada indica que possam causar danos, desde que prescritos por um médico habilitado.