Seu trabalho como ator e roteirista de cinema e televisão é muito conhecido, mas Roberto Gómez Bolaños trabalhou em diversas áreas, que vão desde a publicidade até a composição de canções.
Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, estudou engenharia, mas nunca exerceu a profissão. Desde muito jovem começou um processo criativo na agência de publicidade D’arcy, onde realizou comerciais, anúncios e textos artísticos de programas de rádio e televisão. Durante mais de 10 anos foi escritor principal do programa semana Comédias e Canções, estrelado pelos famosos humoristas mexicanos Viruta e Capulina. Além disso, durante um período escreveu para o famoso Estudo de Pedro Vargas.
Também em programas de TV, escreveu seus próprios programas Os Super-Gênios da Mesa Quadrada e O Cidadão Gómez, em 1968.
Atualmente, Bolaños atua como escritos da série Chaves Animado e do projeto para o cinema de Chapolin Colorado 3D.
Para os cinemas, Bolaños montou uma parceria com Viruta e Capulina em muitos filmes, entre eles Dois Criados Malcriados, de 1960, e Limosneros con Garrote, de 1961. Chaves desenvolveu também outros projetos, como Um Noivo Para Duas Irmãs (1966), A Princesa Hippie (1969) e Ai, Mãe! (1970), entre muitos outros.
Durante o auge do programa Chaves, ele escrevu e dirigiu El Chanfle (1978), El Chanfle II (1982), Don Ratón y Don Ratero (1983),Charrito (1985) y Música de Viento (1988).
Chaves atuou ao lado de grandes nomes do cinema mexicano, como em El Amor de María Isabel (1971), com Silvia Pinal, El Cuerpazo del Delito (1970), com Mauricio Garcés e Angélica María, e La Hermana Trinquete (1969), com Manolo Fábregas.
Ele também protagonizou uma série de filmes com o elenco de Chaves, mas longe de ter alguma relação com o programade sucesso.
A partir de 1958, Gómez Bolaños apostou na carreira de compositor de banda e de músicas para filmes, como Los Legionarios (1958), Tres Lecciones de Amor (1959), En Peligro de Muerte (1962) e Charrito (1985).
Outras letras nasceram da inspiração de Chaves com Cerezo Roza, interpretada pelo Trio Los Tecolines, mas erroneamente atribuida a Esther Fernández e Nacer, interpretada pela cantora Dulce no festival OTI, de 1976.
Alé, disso, compôs temas para telenovelas, como Contigo Todo Lo Tengo, para La Dueña (1995) e Alguna Vez Tendremos Alas, tema da série de televisão de mesmo nome, exibida em 1997.
Chaves escreveu seis obras de teatro, algumas inéditas. Suas representações teatrais mais famosas é a comédia musical Títere, baseada no clássico conto de Pinóchio, estrelada em 1984, que permaneceu em cartaz por sete anos.
Gómez Bolaños ganhou o prêmio de literatura da SOGEM em 1992, pela peça de teatro LA Reina Madre, história baseada na vida do ator Charles Chaplin, mesmo espetáculo que Florinda Meza tenta apesentar na Broadway.
Em 1995, Gómez Bolaños publicou O Diário de Chaves 8, que inclui também uma série de vinhetas e desenhos realizados por ele.
Em 2003 lançou o livro de poesia E Também Poemas, expressando sua paixão pelo gênero literário, que lhe foi apresentado por sua mãe.
Em 2006, Gómez Bolaños lançou seu livro Sem Querer Querendo, Memórias, em que detalha várias passagens de sua vida e obra por sua própria perspectiva.
Chaves faz parte do Comitê de Escritores do México. De 1996 a 1998, foi diretor da Televicine, companhia produtora de cinema da famosa empresa Televisa.
É presidente honorário da fundação Chaves, que realiza ações sociais em benefício de meninos e meninas mexicanos com baixos recursos econômicos.
Com o éxito do programa 'Chaves', chegaram também alguns problemas pessoais, inclusive legais, entre os instérpretes dos personagens e seu criador, Roberto Gómez Bolaños. Assim, a constante disputa sobre a autoria dos personagens da popular vizinhança se extendeu por mais de 30 anos.
Em 1977, Carlos Villagrá anunciou que iria saír dos programas de Roberto Gómez Bolaños. A saída de 'Quico' foi uma das maiores polêmicas que a produção de 'Chaves' teve que enfrentar.
O próprio Villagrás disse que, quando começou a inveja, acabou a época dourada de 'Chaves'. Nunca foi dito publicamente o motivo para a saída do ator, mas entres os boatos, despontam: Florinda Meza, parte de um triângulo amoroso com Gómez Bolaños y Carlos Villagrán, e o ciúmes pela popularidade do personagem Quico, supostamente maior que a de Chaves.
Depois da partida, Villagrán se reuniu com o elenco de 'Chaves' para atuar no filme 'El Chanfle', em 1978, o qual já estava comprometido por causa de um contrato. Ele não apareceu na sequência do longa em 1982.
Na década de 80, Carlos Villagrán, acompanhado de Ramón Valdés, foi para a Venezuela, onde protagonizou vários programas de televisão, sem alcançar muito éxito. O nome do personagem passou a ser Kiko, o que permitiu que seu intérprete o continuasse explorando.
Em 1987, Villagrán voltou ao México para estrelar, novamente com Ramón Valdés, o '¡Ah qué Kiko!'. A dinâmica do programa foi pouco atrativa e o show acabou sendo cancelado poudo depois da morte de Don Ramón.
Carlos Villagrás e 'Chaves' mantiveram uma relação tensa durante o período de distanciamenteo e, inclusive, em 2008, Villagráns acusou Gómez Bolaños de participar de eventos de traficantes de drogas. Depois da história ser desmentida por Édgar Vivar y María Antonieta de las Nieves, Villagrán retirou o que disse e se desculpou, assegurando que tudo não passou de um mal-entendido.
Com o passar dos anos, a distância entre eles não diminuiu e Villagrán segue fazendo comentários contra 'Chaves', principalmente, porque ele acha injusto que só Gómez Bolaños receba o reconhecimento pelo sucesso dos personagens.
"Minha cara é a minha cara e não tenho que pedir permissão a Roberto Gómez Bolaños para usá-la, ainda que não tenha qualquer problemas com Roberto", assegurou Villagrán, em 2008.
María Antonieta de Las Nieves resolveu se retirar da atração, pois já era protagonista de seu próprio programa, 'Aqui Está la Chilindrina, que foi ao ar pela primeira vez em 1994.
O problema començou em 1995, quando a atriz solicitou a propriedade intelectual de sua personagens, a qual foi concedida pelo Instituto Nacional de Derechos de Autor (Indautor) de México. Assim, Roberto Gómez Bolños respondeu legalmente, tentando reverter, mas acabaram chegando a um acordo.
"Foi tudo pelo direito intelectual do personagem. Reconheço que Chaves é seu pai, mas eu sou sua mãe. Ponho alma, coração e vida nisso. Não me parece justo que Gómez Bolaños não saiba entender isso", disse De Las Niever à agnência DPA, em 2008.
Por mais que pareça incompriensível para muitos dos fãs, o escritor e a atriz defendem suas respectivas posturas.
Em 2003, Gómez Bolaños falou em uma coletiva de imprensa que sua intenção para resolver conglito nunca foi tirar a personagem de De Las Nieves. Ele afirma nunca ter se oposto ao uso do personagem pela atriz e que, simplesmente, buscava que ela reconhecesse o personagem como seu eternamente
Cerca de dois anos depois, María Antonieta de las Nieves assegurou que, todos os problemas ficaram para trás e que até Chiquinha aparecia em 'Chaves Animado'.
"A surpresa veio de uma boa maneira, como uma amizade, e concluímos esse que nunca deixou de passar. Somos amigos e, de agora em diante, concordamos que é tudo felicidade", disse. Apesar disso, afirmou que nunca houve um acordo entre eles e ainda estão distantes.
Sobre a situação atual destes conflitos, Luis Jorfe Arnau, diretor da Chaves S.A. de C.V, explicou que o caso de Chiquinha ficou inconclusivo e que alguns vazios legais complicam a resolução do caso. Por essa mesma razão, o personagem não foi incluído em novas séries, nem foi usado em produtos que se comecializam com a marca 'Chaves'.
No caso de Quico, a empresa Gómez Bolaños ainda retém os direitos de exploração do personagem. Villagrán desistiu de continuar dando vida ao personagem em 2010. Sobre o uso de 'Kiko', Arnau assegurou que 'Chaves' não busca viver em um confronto permanente com seu ex-companheiro.
Ainda que a Real Academia de Língua Espanhola a tenha eliminado do alfabeto, a sigla CH tem como sua maior defensora Roberto Gómez Bolaños, que no personagem Chapolin Colorado a mantém bastante destacada, evitando que ela caia no esquecimento.
No México, muitas palavras de uso coloquial começam com esta sigla. Chilango (expressão usada para os nascidos na Cidade do México), chale (jamais, de forma alguma), chido (bonito, lindo, agradável), chamba (trabalho temporário) ou chafa (produto falso, de baixa qualidade) são só alguns dos exemplos clássicos.
Mas foi "Chespirito" quem realizou uma grande contribuição dentro da cultura pop com os nomes de seus personagens, frases e denominações que elevam a sigla "ch" à categoria de amuleto dentro de sua carreira.
"Chespirito", apelido com o qual Roberto Gómez Bolaños é conhecido ao redor do mundo, é uma "castelhanização" em diminutivo do nome do autor Sir William Shakespeare e foi outorgado pelo diretor de cinema Agustín P. Delgado. Considerando a estatura de Bolaños e seu óbvio talenteo em escrever histórias, o diretor o nomeou como uma espécie de "Shakespeare pequeno", um "Shakespearito".
Pouco tempo se passou para que o apelido perdesse os ares anglo-saxões e se "mexicanizar" até ficar como "Chespirito", cuja letra inicial se transformou em um selo particular na obra televisiva e cinematográfica do escritor e ator.
Desde então, nomes como "Chavo del 8" (Chaves, no Brasil), Chapulin Colorado (Chapolin Colorado) e frases como "¡chusma, chusma!" (gentalha, gentalha!) e "se me chispotió" (é que me escapoliu), passaram a engrossar a lista de palavras com a tal sigla.
Segundo o próprio Bolaños, a constante inclusão da sigla CH em seu universo foi quase acidental.
Os primeiros personagens que Chespirito criou, Doutor Chapatin e Chapolin Colorado, foram batizados com nomes iniciados com esta sigla. O nome do doutor resmungão que sempre carrega uma bolsinha de papel novamente faz referência à baixa estatura do sujeito e deriva da palavra "chaparro" (de baixa estatura), uma forma comum de denominar pessoas com esta característica. Por sua vez, Chapolin é o nome que vem do náhuatl (idioma usado pelos nativos do méxico e de países da América Central) de um inseto comum no país, o gafanhoto de milharal.
"Não foi premeditado, mas quando me dei conta da coincidência, quando podia eu colocava em meus personagens nomes que tinham a sigla "ch", porque é muito sonora. Quando me perguntam 'por que todos con CH?', eu respondo que é porque todos são muito... bons", explica Bolaños, fazendo uma clara alusão à palavra "chingón" (aplicado a pessoas muito boas, inteligentes e que fazem as coisas rapidamente), bastante usada no vocabulário mexicano.
O comediante também disse que a CH é sua sigla favorita porque tem uma qualidade graciosa em sua sonoridade e pela qual tem um carinho especial.
Aqui está uma lista de algumas das denominações que exemplificam a preferência de Chespirito pela sigla CH.
Emblemáticos e queridos por gerações de telespectadores que cresceram com eles, os personagens criados por Roberto Bolaños tiveram diferentes origens.
O corajoso herói "mais ágil que uma tartaruga, mais forte que um rato, mais nobre que uma alface" e cujo escudo é um coração, a princípio não seria vermelho. A cor original do uniforme era verde - e o justiceiro seria interpretado por outro ator.
"Ia se chamar Chapolin Justiceiro e o ofereci a muitos amigos atores e todos, por sorte, me disseram que não lhes interessava. Digo 'por sorte' porque quando tive oportunidade eu pude fazê-lo", declarou Roberto Gómez Bolaños em uma entrevista na TV intitulada "Não contavam com minha astúcia", no ano 2000.
A princípio, o autor assumiu que o super-herói deveria ser verde, como o inseto, mas teve que descartar a cor para que não interferisse na tela usada para realizar os efeitos especiais que o personagem demandava.
"Depois de desenhar a roupa, me deparei com um empecilho: a cor da fantasia. Porque eu tinha certeza que teria que ser verde. No entanto, as malhas e os collants, que seriam fundamentais no vestuário, só se encontravam facilmente na cor preta (fúnebre demais), branco (reflexivo demais para a iluminação da televisão), azul (inapropriado para os truques do chroma key, que já planejava usar) e vermelho (que também havía problemas técnicos, mas eu não sabia)", explicou Chespirito em seu livro de memórias "Sem Querer Querendo".
Assim, uma vez escolhida a cor, a mudança de nome de Justiceiro para Colorado foi uma transição lógica. "O nome Chapolin Colorado justificava a cor e, além disso, fonéticamente tinha força, pois soa como 'colorín, colorado, este cuento se ha acabado' (expressão usada pelas crianças para dizer que terminaram de ler uma história)", pontuou o comediante.
Concebido como uma sátira aos super-heróis norte-americanos, Chapolin Colorado destoava muito dos poderes e capacidades dos clássicos. Ao contrário, era medroso, um pouco ingênuo e bobo. Mas para Bolaños, era nisso que residia sua fortaleza.
"O heroísmo não consiste em sentir medo, senão em superá-lo. Batman ou Superman não têm medo, são todos-poderosos. O Chapolin Colorado morre de medo, é tonto, ingênuo, bobo e, consciente dessas deficiências, enfrentava os problemas. Este é o verdadeiro herói", disse em entrevista ao jornalista argentino Jorge Ginzburg.
Sua influência na cultura pop de toda a América Latina é inegável, mas na realidade o famoso Chaves nasceu por uma casualidade e seu sucesso foi uma surpresa para seu criador.
Em 1971, após a saída momentânea e em bom clima de Rubén Aguirre do programa "Chespirito", Bolaños decidiu não substituí-lo na esquete "Los Chifladitos" e preferiu criar um novo segmento estrelado por um menino pobre e de grande coração.
"Oprimido pela urgência do tempo, decidi sair da linha por uma semana, escrevendo uma esquete das que eu chamava de 'soltos'. Para isso, utilizei material que me havia sobrado de outra esquete que havia feito algumas semanas antes, o qual se referia a um menino pobre que andava em um parque público e tinha uma breve discussão com o vendedor de balões. O menino havia sido interpretado por mim e o vendedor de balões por Ramón Valdés", publicou Bolaños em seu livro autobigráfico.
O nome de batizado do menino sempre foi um mistério, mas foi até duas semanas depois de sua criação que foi nomeado pelo autor simplesmente com o apelido Chaves.
"Coloquei o nome de Chaves e lhe fui agregando novos personagens. Era um menino comum e atual como há milhões e milhões em todo o mundo. Não se sabia quem era seu pai nem sua mãe, mas tinha desejo de lutar. Não tinha brinquedos, carecia de roupa, cafés da manhã ou comida e, apesar disso, quando lhe davam uma boa notícia brincava cheio de emoção. Não o fiz assim intencionalmente, foi acontecendo, desenvolvendo-se desta maneira, não foi um caminho traçado", explicou Bolaños em uma entrevista em 2000.
O desafio de atuar como criança nunca intimidou Chespirito, pois, desde o início, sua ideia não era fazer-se passar por um garoto.
"Jamais pretendi que o público pensasse que eu era uma criança. Apenas buscava que aceitassem que eu era um adulto interpretando o papel de uma criança", disse o autor sobre o personagem.
Sobre o diferencia o Chaves dos demais personagens infantis da televisão, Bolaños considera que sua ternura representada foi a chave do sucesso.
"Todos (ou pelo menos quase todos) foram diversas variações do clássico 'Pepito', cuja graça estava precisamente no fato de ser um menino, mas que atua com a malícia própria de um adulto, enquanto o Chaves era o melhor exemplo da inocência e da ingenuidade: a inocência e ingenuidade próprias de um menino", expôs.
O personagem que Chespirito, segundo suas próprias palavras, mais se divertiu fazendo foi o do ladrão redimido, com uma filosofia de vida simples e que sempre dava a "cara à tapa" para os golpes da vida.
"Atuando me sentia feliz por Chaveco, fazia as mesmas coisas que todos, não era profundo e tinha uma filosofia superficial. Era uma delícia interpretá-lo", lembrou o comediante em uma tuitcam realizada no dia 29 de julio de 2011. "Aí estão os melhores roteiros que escrevi, os melhores momentos dramáticos, os momentos engraçados, as lágrimas e as risadas", expôs Bolaños.
No começo, Chaveco era parceiro de um ladrão chamado Beterraba (Peterete, na obra em espanhol), interpretado por Ramón Valdés e o Chaveco, interpretado por mim", relembra o autor em seu livro "Sem Querer Querendo".
No entanto, como já havia acontecido em outros momentos do programa, a ausência do ator Ramón Valdés obrigou Bolaños a redesenhar o papel.
"Após a morte de Ramón, o companheiro de Chaveco foi Botijão (Botija), interpretado por Édgar Vivar. A eles logo se uniu Chimoltrufia (que rapidamente se transformou em um personagem fundamental para a esquete). Rubén Aguirre como o Sargento Refúgio e outros personagens".
Mas além das mudanças de atores, a esquete também evoluiu, deixando para trás a ilícita profissão dos protagonistas. "Em um episódio, no começo de 1987, Botijão, Chimoltrufia e Chaveco estão assistindo um episódio de 'Chaves' em que ele é acusado, evidentemente sem razão, de ser um ladrão, o que faz os espectadores chorarem intensamente. A mais afetada foi Chimoltrufia, que deixa um mar de lágrimas, faz Botijão e Chaveco verem até onde pode ir a estúpida atividade que eles exercem, e daí passa a exigir a promessa de que nunca mais voltarão a roubar, que é aceitada com plena convicção por seu marido e amigo", explica Chespirito a respeito da mudança da trama.
Depois que Chaveco e Botijão decidem voltar a ser pessoas de honra, começam a trabalhar, junto com Chimoltrufia, em um hotel chefiado por Seu Lúcio (Don Lucho, interpretado por Carlos Pouliot). "Daí em diante o Botijão e o Chaveco desenvolveram o papel de ex-delinquentes que deviam superar as barreiras que esta condição impõe aos que tentam buscar um emprego. E jamais voltam a cometer delitos", frisa orgulhosamente Bolaños.
Cronologicamente falando, este é um dos personagens mais antigos de Chespirito. Foi criado para um programa chamado "El Hotel de Kippy", que seria estrelado por Kippy Casado e Luis Manuel Pelayo.
No piloto aparecia um velhinho que falecia no decorrer da trama, o que fez Bolaños interpretá-lo quando o ator que o representaria não chegou a tempo. A personalidade e caracterização eram muito semelhantes às do personagem que conhecemos, tendo tanto êxito que o "ressuscitou".
"A primeira coisa que fiz foi encomendar a produção de uma peruca de velhinho à minha medida, e uns bigodes, também brancos. Logo comprei uns óculos antígos que estavam como se tivesse mandado fazê-los... e muito pouco depois se desfez todo o projeto", narra Bolaños em seu livro de memórias.
O show foi cancelado devido à gravidez da protagonista, mas o Doutor Chapatin voltou à televisão no programa seguinte de Chespirito, "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada". Aí se incluiu a personificação de um elemento particular que despertaria a curiosidade do público: uma sacola de papel na qual, segundo palavras de Bolaños, guardava os possíveis rancores e venenos.
"O Doutor Chapatin segura a bolsa de tal forma para assegurar-se de que não escapem, assim não haverá rancor e nem veneno em suas ações", afirma o autor. "Tinha palavras ruins, maus conselhos. Por isso a apertava, para que não saíssem".
Outro personagem que apareceu no programa "Chespirito" desde o começo dos anos 1970 foi Pancada Bonaparte, um homem que não se preocupava se as pessoas seguiam dizendo que ele e Lucas estavam loucos.
"Los Chifladitos", como seu nome indica, tinha como protagonistas dois loucos. Estes se chamavam Lucas Pirado (Lucas Tañeda) e Pancada Bonaparte (Chaparrón Bonaparte), e os intérpretes éramos Rubén Aguirre e eu, respectivamente", comenta Chespirito em suas memórias.
Bolaños tinha muita fé no segmento e o considerava um digno apoio de Chapolin Colorado. No entanto, em 1971, Rubén Aguirre, sua dupla na série, saiu do elenco, fazendo Chespirito elimina a rotina cômica.
"Apesar de a esquete não alcançar o enorme impacto de Chapolin, era um estupendo complemento na série... até que se apresentou a adversidade em forma de um contrato que ofereceram a Rubén Aguirre para trabalhar em um programa da concorrente", relembra em seu livro.
A saída de Aguirre provocou a criação de uma nova trama, "Chaves", pelo qual "Los Chifladitos" ficaram arquivados até que renasceram na segunda etapa do programa, em 1980, mantendo-se no gosto do público até 1985.
Bolaños admitiu que envolver-se no papel de Pancada Bonaparte era um processo difícil, devido à insanidade mental do personagem.
"Atuar como Pancada Bonaparte era complicado porque, às vezes, eu tinha que reagir totalmente ao contrário. Não percebia ao mudar as personalidades, pois a loucura parecia natural", declarou em uma entrevista ao jornalista argentino Jorge Ginzburg.
O querido "Chaves, que foi companheiro de infância de milhares de pessoas em toda a América Latina, não perdeu a força nem a legitimidade ao decorrer dos anos.
A constante repetição dos antigos programas de Chespirito permite que crianças de todas as idades desfrutem de seu humor muito tempo depois de haver concluído as gravações do mesmo. Mas um projeto desenhado para as novas gerações foi responsável por um notório crescimento na popularidade do personagem, que, no entanto, nunca deixou de estar presente nas telas de todo o continente americano.
Foi no dia 22 de outubro de 2006, quando a produtora mexicana Ánima Estudios lançou no ar "Chaves Animado", que reviveu as aventuras do personagem.
A princípio, esta nova versão reproduziu os primeiros roteiros escritos por Bolaños para a série, mas em formato de caricatura, mas pouco a pouco foram integradas ideias originais e histórias novas.
Para esta caricatura, o entorno das cenas eram criados tridimensionalmente enquanto que os personagens eram desenhados a mão e digitalizados em 2D.
Cada temporada é composta de 26 episódios, cada um com duração de meia-hora. O programa está em sua quinta temporada e se prepara para a sexta. Roberto Gómez Fernández, filho de Chespirito, é quem se encarrega de supervisionar a produção da série.
Além de "Chaves", em "Chaves Animado" também se encontram seus vizinhos Quico, Seu Madruga, Popis, Nhonho, Senhor Barriga, Dona Florinda, Godínez, Professor Girafales, Jaiminho e a Bruxa do 71. A única que não aparece é Chiquinha, cujo personagem é de propriedade de María Antonieta de las Nieves desde 1995.
Para substituí-la, foram incluídos alguns episódios dos personagens femininos, cujas participações não foram relevantes no programa, Gloria e Patty. A Popis também ganhou espaço na trama em alguns capítulos.
Segundo o próprio Bolaños, o Chaves causou tanto impacto no mundo por uma simples razão: é "um menino a quem lhe falta tudo, menos isso que segue sendo o motor do universo: a fé".
A relação de vozes na série animada é feita por atores experientes de dublagem, como Jesús Guzmán (Chaves e Godínez), Mario Castañeda (Seu Madruga e Nhonho), Erica Edwards (Dona Florinda e Popis) e Sebastián Llapur (Quico).
O sucesso desta reencarnação do Chaves foi taõ grande que, inclusive, conta com uma versão teatral que foi apresentada com casa cheia em todo o México.
O Chaves Animado é exibido em toda a América Latina, onde desfruta de grande êxito graças aos diversos canais de televisão abertos ou a cabo e satélite. A popularidade da série lhe permitiu chegar a mercados como Europa, Ásia e Estados Unidos, onde o Chaves é um grande sucesso entre a comunidade latina.
Davido à incesante demanda que há sobre seus personagens, existe a intenção de Roberto Gómez Bolaños de produzir um filme em 3D do Chapolin Colorado, cuja estreia está prevista para 2012, ainda que até o momento não tenha sido confirmado o estado do projeto.
1- No dia 20 de junho de 1971 foi ao ar o primeiro episódio de Chaves, no México. Nesta época, Chaves era apenas um quadro do programa 'Chespirito'
2- Em 1974, Maria Antonieta de las Nieves, que interpretava Chiquinha, teve que se afastar do seriado, porque estava grávida. Na trama, foi inventada a desculpa que a personagem tinha ido morar com tias no interior.
3- No início da série, os personagens não tinham suas características clássicas. Seu Madruga não era pai de Chiquinha. Ele morava na casa de Dona Florinda e vendia balões. O sr. Barriga não era dono da vila, era apenas zelador e Dona Florinda não usava bobes.
4- No fim de 1978, Carlos Villagrán, que vivia Kiko, decidiu sair do elenco para ser astro de um seriado na Venezuela. Os últimos episódios com o personagem são os da viagem a Acapulco.
5- A canção "Boa Noite Vizinhança", tocada no episódio de Acapulco, é uma homenagem ao ato Carlos Villagrán, que estava deixando a série. Ela foi composta por Roberto Gómez Bolaños, intérprete de Chaves e criador do seriado.
6- No episódio "Vamos ao Cinema", Florinda diz que Kiko vai morar com uma madrinha rica. A história se tratava de uma desculpa para justificar a saída de Carlos Villagrán.
7- Em 1979, Rámon Váldez, o Seu Madruga, recebeu uma proposta para ir trabalhar no mesmo seriado de Kiko. Bolaños criou o restaurante da Dona Florinda para preencher os desfalques. Em 1981, entretanto, Seu Madruga retornou e ficou na série até 1983.
8- No fim da década de 80 até 1992, a série voltou a ser apenas um quadro do programa 'Chespirito'. No Brasil, levava o nome de 'Clube do Chaves'.
9- O endereço do Sr. Barriga é a Rua Baleia, esquina com a rua Cachalote, na vila dos Elefantes.
10- A "Bruxa do 71" levou esse apelido pois a atriz, Angelines Fernandez, começou a trabalhar com Roberto Gómez Bolaños em 1971. Quando Chaves passou a ser uma série, colocaram 71 como número do apartamento para que o nome fizesse sentido.
11- O curioso local onde nasceu o carteiro Jaiminho, Tangamandápio, realmente existe. Não se trata de uma cidade, mas sim de um vilarejo localizado na cidade de Cuernavaca, no México.
12- Na década de 90, correu um forte boato na imprensa brasileira afirmando que os atores do Chaves teriam morrido em um acidente de avião. Esse acidente jamais ocorreu.
13- Angelines, que interpretava dona Clotilde, faleceu em 1994, com câncer no pulmão. A atriz, que morreu por conta do fumo, era melhor amiga de María Antonieta de las Nieves, a Chiquinha.
14- Edgar Vivar, que vivia Seu Barriga, foi médico antes de ser ator.
15- María Antonieta se casou por volta de 1972 com Gabriel Fernandez, produtor de televisão. Ele era responsável pela locução do início do programa na versão mexicana que dizia: "este é o programa número um da televisão humorística".
16- Em 1978, Florinda e Roberto Bolaños começaram a namorar, depois de uma viagem que fizeram ao Chile.
17- Bolaños e Florinda Meza se casaram na Cidade do México no dia 19 de novembro de 2004, após mais de 25 anos de união não-oficial.
18- Antes de se casar com Bolaños, Florinda teve um romance com Carlos Villagrán, o Kiko. Dizem que, por conta disso, os dois se mantiveram afastados por mais de vinte anos.
19- Rubén Aguirre Fuentes, que interpretava o eterno pretendente de Florinda, o professor Girafales, está pesando cerca de 130 kg por conta de um medicamento tomado para curar um problema que tinha na perna há alguns anos.
20- O ator Horácio Bolaños, que interpretava Godiñez, era irmão de Roberto Gómez Bolaños, o Chaves. Ele faleceu em 21 de novembro de 1999, vítima de um infarto.
21- O nome original de Chaves é 'el chavo', que, em espanhol significa "moleque", "menino". Na hora de traduzir para o português, esse termo não existia, então o personagem passou a se chamar Chaves na dublagem brasileira.
22- A música que toca toda vez que dona Florinda e professor Girafales se encontram é 'Tema de Tara', trilha sonora original do filme 'E o Vento Levou'.
23- Desde 1995, María Antonieta de las Nieves tem os direitos sobre a personagem Chiquinha, depois que Bolaños se esqueceu de renová-los por engano. O diretor, criador e roteirista não pode vender a imagem da personagem para a fabricação de bonecos ou mesmo incluí-lo no desenho animado inspirado no programa de TV.
24- María Antonieta de las Nieves afirmou em entrevista, que Bolaños continua a insistir na disputa judicial para recuperar os direitos sobre Chiquinha. A atriz diz não ter mais "forças" para brigar. O filho de Bolaños desmente que exista novo processo.
25- Em uma entrevista, a atriz que interpreta Chiquinha afirmou que o pré-infarto que sofreu em 2002 se deveu em parte por essa briga judicial entre ela e Bolaños.
Muitos foram os atores que contruibuíram ao grande impacto de Chespirito ao longo dos anos. A respeito, Bolaños disse que ficou "rodeado dos melhores, para assim ter muito sucesso". O que aconteceu com eles?
Começou como modelo publicitária, para depois se juntar como atriz coadjuvante em programas como La Media Naranja' e 'La Chismosa', e mais tarde 'Los SuperGenios de la Mesa Cuadrada' e 'Chespirito', com Roberto Gómez Bolaños. Alguns de seus personagens mais memoráveis daquela época são Chimoltrufia, Popis e Dona Florinda.
Atuou em todos os projetos cinematográficos de Bolaños, desde "El Chanfle" até "Música de Viento", assim como em suas produções teatrais.
Em 1991, atuou na novela "Milagro y Magia" no papel de Elisa junto com Miguel Palmer, e em 1997 estreou como produtora e autora de "Alguna Vez Tendremos Alas", protagonizada por Kate del Castillo.
Seu sucesso como produtora foi na novela "La Dueña", em 1995, com a atuação de Angélica Rivera.
Em 2005 se casou no civil com Roberto Gómez Bolaños, com quem viveu em união por mais de 27 anos.
Atualmente faz planos de montar a obra inédita de Bolaños, "La Reina Madre".
Esta atriz iniciou sua carreira na década de 1960 na área de dublagem. Entre seus trabalhos de destaque estão Jeannie é um Gênio, A Feiticeira, Os Flintstones, A Família Addams e La Familia Monster.
Participou da primeira novela produzida no México, Senda Prohibida em 1958. Colaborou em diversos programas de comédia de Roberto Gómez Bolaños como parte de sua equipe de atores desde 1970 até 1995. Seu papel mais representativo foi Chiquinha.
Foi parte importante de todos os projetos cinematográficos e teatrais de Bolaños.
Durante uma curta temporada, em 1974, animou o programa de concursos "Pampa Pipiltzin" no Canal 13.
No cinema, apareceu em uma dezena de filmes, tais como "Pulgarcito", "El Amor de María Isabel", "Sor Batalla" e "La Chilindrina en Apuros".
Atualmente dirige o circo que leva o nome de sua personagem, com o qual percorre o México e países centrais da América do Sul.
Sua participação mais recente na TV foi na novela "Amar de Nuevo", da rede Telemundo, no papel de Gardenia.
Formado em jornalismo, iniciou sua carreira de ator junto com seu amigo Rubén Aguirre, com quem participou do programa "El Club de Shory", em 1968.
Posteriormente, em 1971, conheceu Roberto Gómez Bolaños através de Aguirre e se juntou ao programa "Chespirito", interpretando um personagem cujo nome de batismo era Federico, mas era apelidado de Quico.
Em 1978 decidiu retirar-se do programa devido à vontade de ter o sua própria atração. No final deste mesmo ano apareceu nas telas do cinema em "El Chanfle", que foi sua última participação como integrante do elenco de "Chespirito".
A partir de 1981 se mudou para a Venezuela, onde fez vários seriados para Radio Caracas Televisión como "Niño de Papel", "Federrico" (1982), "Kiko Botones" e "El Circo de Monsieur Cachetón" (1985).
Em 1987, de volta ao México, Villagrán estreou a série "¡Ah! Qué Kiko", no Canal 13 Imevisión, na qual também atuou Ramón Valdés. Chespirito não pôde evitar o uso do nome do famoso personagem, já que estava escrito de outra maneira. O seriado foi cancelado após a morte de Ramón Valdés, em agosto de 1988, e este foi o último trabalho de Villagrán na televisão.
Posteriormente, fundou um circo com o nome "O Circo de Kiko", com o qual percorreu a América Latina.
Durante uma longa temporada, se instalou em Palermo, Argentina, mas voltou ao México no início de 2010 para morar na cidade de Guadalajara e ocasionalmente em Querétaro.
Em seu 66º aniversário, no dia 12 de janeiro de 2010, declarou publicamente que deixaria o papel de Kiko e manifestou seu desejo de exercer sua carreira como jornalista.
Formado em Medicina, Edgar Vivar começou sua carreira como ator em 1964. Entrou para o elenco de 'Chespirito' em 1970, vivendo personagens como Senhor Barriga e Nhonho. Trabalhou em novelas de sucesso no México como 'Mundo de Juguete' (1974), 'Alguna Vez Tendremos Alas' (1997) e 'Para Volver a Amar' (2010).
No cinema, além do trabalho em produções do Chespirito como 'El Chanfle', 'El Chanfle II', 'Don Ratón y Don Ratero' e 'Música de Viento', também estrelou obras como 'Frankenstein's Great Aunt Tillie', com Donald Pleasence, e 'Bandidas', com Salma Hayek e Penélope Cruz. Também trabalhou como dublador nas versões mexicanas dos desenhos da Pixar 'Ratatouille' e 'UP - Altas Aventuras'.
Aguirre é um engenheiro agrônomo que começou sua carreira no meio artístico como locutor em sua cidade natal, Coahuila, e logo deu um salto à televisão na cidade de Monterrey, em Nuevo León, ao norte do México. Começou a trabalhar com Bolaños em seu primeiro programa, "Los Supergenios de la Mesa Cuadrada", em 1969, e permaneceu como integrante do elenco das produções de Chespirito até 1995.
Em 1971 saiu rapidamente do programa para conduzir sua própria série no Canal 2, mas retornou meses depois.
Em 1994 produziu a série "Aqui Está la Chilindrina", protagonizada por sua companheira María Antonieta de las Nieves.
Sua carreira cinematográfica inclui títulos como "Santo y Blue Demon contra el Dr Frankenstein" (1974), "Capulina Chisme Caliente" (1977) e "Las Aventuras de Fray Valentino" (1994).
Em 2007 sofreu um grave acidente automobilístico junto com sua mulher.
Atualmente reside em Puerto Vallarta, no estado mexicano de Jalisco.
Angelines Fernández (1922-1994), Horacio Gómez Bolaños (1930-1999), Raúl "Chato" Padilla (1917-1994) e Ramón Valdés (1923-1988) são o restante dos colaboradores principais de Chespirito. Todos eles morreram.