Roberto Gómez Bolaños jamais trabalhou com administração pública ou buscou postos em eleições populares, mas foi protagonista de alguns sucessos políticos no México.
Um exemplo é o Partido de Ação Nacional (PAN), que historicamente foi identificado como um partido ideologicamente de direita, ligado a uma visão política conservadora. Paralelo a isso, “Chaves” se declarou um forte defensor dos valores na sociedade e, ambos os caminhos se cruzaram mais uma vez.
Em 2000, Chaves apoiou Vicente Fox Quesada, então candidato à presidência pelo PAN, que depois de ganhar as eleições federais no México, rompeu com o Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Em 2006, o autor de Chapolin Colorado voltou a se juntar às campanhas políticas do PAN e apoiou o candidato Felipe Calderón Hinosa, hoje presidente do México.
Então, Gomes Bolaños pediu ao povo mexicano que votasse nos candidatos do partido branco e azul e também apoiou a nomeação do chefe de governo do Distrito Federal de Demetrio Sodi de La Tijera, que, segundo o comediante, poderia “salvar” a Cidade do México, que governada por políticos de esquerda, “estava doente de abandono e ressentimento, suja e sem segurança”, segundo ele.
Chaves também participou de uma discussão midiática, lançada por organizações que se opõe ao aborto depois da 12ª semana de gestação. A lei foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Distrito Federal em 2007.
Em uma mensagem de vídeo de 40 segundos, o ator lembrou que quando estava no ventre de sua mãe, ela sofreu um acidente que a deixou “à beira da morte”. O médico recomendou um aborto, mas sua mãe negou imediatamente. “Graças a ela hoje eu estou aqui”, finalizou ele na gravação.
A campanha, chamada Abortemos a lei, não a vida, foi orquestrada por uma coalizão de organizadores como a Associação Nacional Cívica Feminina (Ancifem), que, segundo o jornalista mexicano Álvaro Delgado, pertence a uma confraria ultradireitista, cuja missão é implantar o “Reino de Deus” nas instituições do país e acabar com a atração pelo mesmo sexo para o “catecismo da Igreja Católica”.
Muitas vezes, sem perceber, Gómez Bolaños também marcou presença no discurso de alguns políticos. As frases de seus personagens ressoaram em pessoas como Felipe Caldéron, que quando era candidato a presidente do México disse que a campanha de seu adversário, Roberto Madrazo, “havia escapulido”, em uma clara referência à expressão de Chaves.
Em outro momento, o ex-dirigente nacional do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Humberto Moreira, disse “puxa...”, expressão usada por Chaves, quando lhe perguntaram sobre a aliança eleitoral no Estado Michoacán, para nomear Luisa María Calderón, Hinojosa, irmã do presidente mexicano, como candidata à governadora.
Chaves e seus personagens também foram alvos de adversários da classe política. Em 2008, um grupo de hackers argentinos e chilenos, que se autodenominam “Os Informáticos”, bloquearam a página do Senado da República do México com uma foto da Chiquinha. Eles pediam ao presidente Calderón para que deixasse o país em paz e repudiaram a possível privatização da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex).
No entanto, com sua participação direta ou indireta nas atividades políticas, Gómez Bolaños disse, em 2005, durante uma entrevista para o jornal mexicano La Jornada, que seus personagens são “uma defesa contra alguns poderosos” e disse que não é a favor de nenhuma ideologia e acredita que os termos direita, esquerda, socialista, liberal ou neoliberal são apenas conceitos inventados “para não dizer nada”.