O sucesso dos personagens de Chaves e o reconhecimento mundial têm permitido sua comercialização, bem como a criação da empresa Chaves S.A. de C.V. e da Fundação Chespirito I.A.P., dois órgãos que são a base central das operações para o legado social e artístico de Roberto Gomez Bolaños.
Proprietária, há anos, das produções de Roberto Gómez Bolaños, a entidade que vendeu as licenças dos personagens de Chaves em vários produtos no México e no exterior é uma unidade chamada Produtos de Consumo Televisa.
Os produtos, que incluem a imagem da grande variedade de caracterizações de Bolaños, são principalmente destinadas a crianças entre os 4 e os 12 anos. Desde o início de seus projetos de televisão, Bolaños preferiu que suas criações fossem identificadas por atributos inerentes à infância, como criatividade, espontaneidade,versatilidade e diversão.
Nas palavras de Bolaños: "tudo se resume em responsabilidade... É terrível ter a confiança de tantas pessoas", disse em uma tuitcam em 29 de julho de 2011. "Eu tentei cuidar do bem público. Eu fiz isso em uma grande porcentagem, mas não sempre, porque às vezes você comete erros.
Essa responsabilidade com o público resultou no fato de que várias marcas escolhem personagens de Bolaños para promover seus produtos ou serviços. Entre as empresas que têm recorrido ao Chaves estão Grupo Bimbo, McDonald’s, Colchas México, Kay Pee, a American Greetings, Barcel, Grupo Arcor CRAMI, Kellogg’s, Mabesa e muitos outros com uma forte presença em vários mercados da América Latina, onde os rostos de Chaves e do Chapolin Colorado têm grande popularidade.
A marca Chaves é a que tem se desenvolvido mais nas linhas de negócio, que vão desde alimentos e bebidas a itens de higiene pessoal ou brinquedos, sem deixar de lado outros produtos, como roupas e acessórios, aditivos e materiais para casa. O impacto do trabalho de Bolaños é tamanho que está presente nos modelos de negócios da tecnologia atual, como downloads de animações e sons para equipamentos móveis.
Na página www.chespirito.com os fãs podem apreciar muitas franquias relacionadas a Chaves em diferentes partes do México e cidades como Dallas, Phoenix e Houston, nos Estados Unidos, e em países como Peru, Equador, Panamá, Honduras e Guatemala.
Roberto Gómez Bolaños é considerado um embaixador da boa vontade. Por mais de uma década tem se centrado quase exclusivamente nas causas sociais em prol de crianças carentes.
A nobreza se reflete em seus personagens e é a força que molda o espírito humanitário da Fundação Chespirito I.A.P., criada em 2007 com o objetivo de colaborar em um papel mais ativo em benefício de crianças que não tiveram a oportunidade suprir suas necessidades de educação, saúde e integração social e familiar.
Chaves é o presidente honorário da Fundação e um dos principais pilares da mesma. Sua filha, Marcela Gómez Fernández, é a presidente e chefe de projetos da organização.
A fundação fez uma série de atividades que recolhem fundos para apoiar instituições que tem o compromisso de beneficiar as crianças mexicanas.
Um dos mais populares foi o leilão de arte caridade "Dê a Mão", em que 100 pessoas de diferentes meios como entretenimento, esportes e negócios, doaram uma réplica de suas próprias mãos, todas enfeitadas, para apoiar programas da agência que, por meio da Chespirito procura melhorar a qualidade de vida das crianças.
Além disso, a fundação é responsável pela promoção de valores em uma série de cartões com imagens dos personagens de Chaves e cujos lucros se destinam a cobrir várias iniciativas sociais da Chespirito.
De acordo com números do site www.fundacionchespirito.org, mais de 4.800 crianças foram beneficiadas através do apoio a vários projetos sociais e doações em espécie, tais como livros, programas de estudos e até mesmo guloseimas.
A Fundação também promove um sentido de solidariedade entre as crianças e ainda utiliza o slogan “adote um Chves” para tentar motivar as pessoas a adotarem as crianças.
A fundação, que atualmente só opera no México, pretende estender seus planos de ação para outras partes da América Latina.
Além do grande sucesso de Chaves, há uma outra constante que envolve os personagens de Roberto Gómez Bolaõos: a pirataria de seus produtos.
A Motion Picture Association (MPA) no México, uma organização que representa grandes estúdios de cinema, contou que entre os materiais de consumo audiovisual mais ilegais na América Latina estão Chaves e Chapolin Colorado
Federico de la Garza, presidente da MPA, disse durante a XIV Convenção Canacine (Câmara Nacional da Indústria Cinematográfica e Videograma) em maio de 2011, que, mesmo sem conhecer o "valor exato" de vendas ou downloads ilegais, todos os relatórios indicam que o conteúdo mais “roubado” é Chaves
"Nós poderíamos encher um depósito de tudo o que encontramos, tanto de produtos quanto de eventos que são feitos ilegalmente", disse Jorge Luis Arnau Avila, diretor da Chespirito S.A. de C.V.
Chaves se prepara para chegar aos consoles de videogame pela primeira vez, com uma adaptação de suas aventuras para o Nintendo Wii. No entanto, a perspectiva de pirataria para este novo produto é igual ou ainda maior aos já existentes.
Nas palavras de Jorge Luis, em diversas ocasiões a empresa teve que avisar o público de performances ao vivo, especialmente personagens de Chaves, que não são licenciados ou as oficiais.
"Nós tivemos que gastar muito tempo perseguindo passeios e shows ilegais, e as pessoas diziam que eram 'originais'. Para ser honesto é uma luta que nós perdemos em muitos casos, é impressionante como existe pirataria no Peru, Brasil, Bolívia, e é muito superior à do México", disse Avila Arnau.
Boa parte dessa pirataria se dá por conta do apelo popular de Chaves
"Um partido político no Paraguai ‘roubou’ a imagem de O Chapolin Colorado, e nós tivemos uma discussão sem fim com o partido no poder porque foram baseados nos personagens em suas campanhas políticas, o que é terrível para nós", disse Arnau.
Mas, não só Roberto Gómez Bolaños é uma vítima da violação dos direitos de propriedade intelectual, a 'Chespirito também desafiou o uso dos direitos autorais de algumas músicas.
As canções Elephants Never Forgets e Barogue Hoedown, do compositor francês Jean-Jacques Perrey foram usados sem permissão em trechos de Chaves e O Chapolin Colorado.
Por isso, em 2009, representantes de Perrey moveran uma ação contra a Televisa, que detém os poderes da série de televisão, afirmando que eles nunca foram pagos com sequer um centavo pelo uso desses trechos musicais.
Neste sentido, Luis Jorge Arnau, disse que nunca houve qualquer intenção maliciosa por parte da Chespirito, mas que a composição da música foi feita por um funcionário da Televisa, no momento da produção dos primeiros programas Chaves e O Chapolin Colorado.
O problema impediu a comercialização de determinados produtos por um tempo curto, mas em 2010, a Televisa chegou a um acordo legal para resolver o conflito.
Roberto Gómez Bolaños, formado em engenharia, preferiu desde muito jovem entreter o público com seu talento como escritor, editor, artista, compositor, ator, diretor e produtor, tendo uma longa carreira que se estende por cinco décadas de sucesso.
Bolaños foi um visionário do entretenimento. Criou uma série de personagens que ainda hoje são tão cativantes e adoráveis quanto rentáveis. De seus dias como publicitário, quando tinha 22 anos, na empresa D'Arcy, Chaves descobriu que o valor das coisas estava nas palavras. E das palavras transformadas em roteiros de cinema e televisão, Roberto Gómez Bolaños encontrou uma maneira de vender emoções para várias gerações de fãs.
Em 1970, Chaves se consolidou como um dos programas mais populares da televisão mexicana, conseguindo sempre entre 55 e 60 pontos de audiência. A conquista permitiu que o seriado se mantivesse no horário nobre por muito tempo, capitalizando o sucesso de personagens como Chaves e O Chapolin Colorado.
Chaves abriu as portas para que a produção televisiva mexicana alcançasse níveis internacionais. Desde 1973 até hoje, os programas da série Chaves são vistos na América Latina e, mais recentemente, na Espanha, sempre desfrutando de uma grande audiência.