São Paulo – O fracasso de Rodrigo Pessoa e seu cavalo, no último dia dos Jogos de Sydney, resumiu o que foi a campanha do Brasil na Olimpíada de 2000. Um monte de tropeços e refugos.
Apesar do número relativamente alto de medalhas (12) _o segundo maior de sua história _só perdeu de Atlanta-96 (15)_ nenhuma foi de ouro. E o país quebrou uma tradição de 24 anos. A última vez que um atleta brasileiro não tinha subido ao lugar mais alto do pódio foi em 1976, quando ganhou dois bronze. Desde então, foram duas de ouro em Moscou-80, uma em Los Angeles-84, uma em Seul-88, duas em Barcelona-92 e mais três em Atlanta-96.
Em 15 participações até hoje em Jogos Olímpicos, esta foi a sétima vez que o país não consegue levar o ouro. Além de 76, as outras foram em Londres-48, Roma-60, Tóquio-64, Cidade do México-68, Munique-72.
Várias razões para o fracasso foram apontadas. Desde o fator psicológico até o técnico. Mas o difícil vai ser explicar falhas como o refugo do cavalo de Rodrigo Pessoa ou o tropeço da equipe masculina de vôlei diante da Argentina (que acabou em 4º lugar) nas quartas-de-final. Ou mesmo as falhas dos iatistas Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira e a derrota de Adriana Behar e Shelda na final do vôlei de praia quando estiveram com o placar nas mãos.
Disparado, porém, como o pior de todos na Olimpíada foi a seleção de Luxemburgo. Com toda a pompa e luxo na Austrália, o time, com os badalados Ronaldinho e Alex, que pouco fizeram, teve a façanha de perder para a África do Sul na primeira fase e ganhar no sufoco de Eslováquia e Japão. Mas o pior veio depois: ser eliminado por Camarões na ‘morte súbita’ mesmo estando com dois jogadores a mais em campo após duas expulsões de jogadores africanos.
A natação também afundou. O único que escapou de um vexame foi o baiano Edvaldo ‘Bala’ Valério, que salvou a equipe de revezamento 4 x 100 m e fez o Brasil ganhar o bronze. Já Gustavo Borges e Fernando Scherer, o Xuxa, nadaram bem abaixo da expectativa.
No atletismo, Claudinei Quirino se recuperou depois de um tropeço na final dos 200 m, quando mesmo sem ter ao seu lado os americanos Michael Johnson e Maurice Greene, acabou apenas em 6º. O que tirou Quirino do fundo do poço foi o revezamento 4 x 100 m, quando foi o responsável por fazer o país acabar em segundo, atrás somente do forte time americano.
Gustavo Kuerten, o Guga, não chegou à medalha. Mas também não decepcionou. Na simples, caiu diante do russo Kafelnikov _que terminou como campeão_ nas quartas-de-final. E nas duplas, ao lado de Jaime Oncins, perdeu na primeira rodada, mas para os canadenses Daniel Nestor e Sebastian Lareau, que ficaram com o ouro.
Sendo assim, o que acabou ‘salvando’ o Brasil nos Jogos foram as participações de Daniele Hypólito, da equipe de ginástica rítmica, da dupla do nado sincronizado.
Daniele acabou em 20º lugar no individual da ginástica artística, melhor colocação de uma brasileira em todas as Olimpíadas. Já no nado sincronizado e na ginástica rítmica, as atletas conseguirem chegar até a final.
Dentro das expectativas foi o judô, que manteve o tabu de trazer uma medalha desde Los Angeles-84, ao trazer prata com Carlos Honorato e Tiago Camilo. A seleção feminina de vôlei fez o previsto, ao cair apenas diante de Cuba na semifinal e acabar com o bronze. Um pouco acima do esperado foi o time de basquete, que ficou em terceiro após um começo ruim.