São Paulo – O piloto alemão Michael Schumacher mudou o discurso em menos de 24 horas e disse que não vai mais precisar do brasileiro Rubens Barrichello. E, pelo menos nos treinos livres na madrugada (de Brasília), que na prática não decidem nada para o grid de largada, desta sexta-feira, pareceu falar sério.

Nos dois treinos livres, Schummy foi o mais rápido, terminando o dia com o melhor tempo de 1min37s728. Atrás dele ficou o seu concorrente direto pela luta ao título: o finlandês Mika Hakkinen, da McLaren (1min38s339). Rubinho terminou em terceiro (1min38s537) e David Coulthard, também da McLaren, em quarto (1min39s010).

Os outros dois brasileiros da F-1, Ricardo Zonta (BAR) e Pedro Paulo Diniz (Sauber), ficaram em 10º e 13º lugares, respectivamente.

NOVO DISCURSO - Às vésperas da corrida que pode lhe dar o Mundial de F-1, Michael Schumacher dispensou a ajuda de seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello. Para o piloto alemão, será melhor se Mika Hakkinen largar a seu lado no GP do Japão.

O treino que define o grid para a penúltima etapa do campeonato acontece na madrugada de sábado, a partir da 1 hora (de Brasília). “Será melhor se essa disputa ficar apenas entre ele e eu, sem interferências dos nossos companheiros de equipe", afirmou Schumacher. “Quero sinceramente que Mika esteja dividindo a primeira fila do grid comigo".

A declaração marca uma mudança de postura do alemão. Durante todo a temporada, ele elogiou o trabalho de Barrichello, enfatizando que a colaboração do brasileiro seria importante na sua luta para conquistar o Mundial. Pode, ainda, ser entendida como uma indireta a David Coulthard, companheiro de Hakkinen e seu antigo desafeto.

Ontem, quando o finlandês disse que Coulthard teria liberdade para vencer a prova, Schumacher riu. Usando óculos de sol com lentes vermelhas e acompanhado pela mulher, Corinna, fez questão de almoçar nos boxes. Nas entrevistas, buscava mostrar descontração e não se referiu ao brasileiro. Preferiu falar sobre suas chances e mostrar que está cauteloso. “Não sou estúpido para acreditar que o título já está ganho. Até porque não está mesmo. Tenho oito pontos a mais, é uma boa vantagem, mas não é suficiente. Terei que lutar até o fim", disse.

Schumacher sairá campeão de Suzuka em duas hipóteses: se vencer a prova ou se marcar dois pontos a mais que o finlandês. Na ocorrência de um desses casos, estará encerrando o maior jejum de títulos da história da Ferrari. A última vez que a escuderia conquistou um Mundial de Pilotos foi em 1979, com o sul-africano Jody Scheckter.

Apesar de pressionado para obter um bom resultado, Hakkinen, bem a seu estilo, afirmou que a corrida de Suzuka não vai ser diferente de nenhuma outra. “Venho sentindo muita pressão nos últimos anos. Então, isso aqui não é nada traumático. Na prova, tudo pode acontecer", disse. Adversários cordiais desde os tempos em que corriam campeonatos de base na Europa, Hakkinen e Schumacher evitaram ataques em seu primeiro encontro em Suzuka, uma entrevista coletiva marcada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Chegaram até mesmo a brincar um com o outro, situação inimaginável em disputas do passado, como Schumacher x Villeneuve, Senna x Prost, Mansell x Piquet.

Questionado sobre sua estratégia para a corrida, Hakkinen disse que irá frear três metros mais tarde em cada curva. Schumacher rebateu. Afirmou que retardará as suas freadas em cinco metros. “Aí você vai acabar na brita", disse Hakkinen. “Mas te carrego comigo", afirmou o alemão.

Hakkinen, por um instante, fez cara de preocupado. Afinal, Schumacher poderia não estar brincando. Tirar Hakkinen da pista em Suzuka não daria o título ao alemão. Mas lhe permitira chegar ao GP da Malásia precisando apenas de um quinto lugar. Para Hakkinen, o ideal seria a pole position no Japão, com Coulthard separando-o de Schumacher.

Mas, mais até do que o desempenho de Michael Schumacher, a maior preocupação da McLaren para este final de semana é a durabilidade do motor Mercedes-Benz. Há duas semanas, o propulsor do carro de Mika Hakkinen explodiu durante o GP dos EUA. Foi a primeira quebra do motor ale mão desde o GP Brasil, em março. Para aumentar a intranquilidade dos ingleses, Norbert Haug, diretor da Mercedes, não garantiu confiabilidade total em Suzuka.

Confira todos os tempos do segundo treino livre:
1.Michael Schumacher (ALE) Ferrari F1-2000 1:37.728
.2.Mika Hakkinen (FIN) McLaren MP4/15 Mercedes 1:38.339
.3.Rubens Barrichello (BRA) Ferrari F1-2000 1:38.537
.4.David Coulthard (ESC) McLaren MP4/15 Mercedes 1:39.010
.5.Jenson Button (ING) Williams FW22 BMW 1:39.111
.6.Jarno Trulli (ITA) Jordan EJ10 Mugen Honda 1:39.261
.7.Heinz-H. Frentzen (ALE) Jordan EJ10 Mugen Honda 1:39.529
.8.Pedro de la Rosa (ESP) Arrows A21 Supertec 1:39.547
.9.Jacques Villeneuve (CAN) BAR 002 Honda 1:39.669
10.Ricardo Zonta (BRA) BAR 002 Honda 1:39.887
11.Eddie Irvine (IRL) Jaguar R1 1:40.014
12.Ralf Schumacher (ALE) Williams FW22 BMW 1:40.166
13.Pedro Diniz (BRA) Sauber C19 Petronas 1:40.328
14.Nick Heidfeld (ALE) Prost AP03 Peugeot 1:40.403
15.Mika Salo (FIN) Sauber C19 Petronas 1:40.431
16.Gianc. Fisichella (ITA) Benetton B200 Playlife 1:40.520
17.Jos Verstappen (HOL) Arrows A21 Supertec 1:40.523
18.Johnny Herbert (ING) Jaguar R1 1:40.824
19.Alexander Wurz (AUT) Benetton B200 Playlife 1:40.985
20.Jean Alesi (FRA) Prost AP03 Peugeot 1:41.014
21.Marc Gené (ESP) Minardi M02 Fondmetal 1:41.670
22.Gaston Mazzacane (ARG) Minardi M02 Fondmetal 1:45.238

Redação Terra/Hoje em Dia