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“Sou o Luxemburgo do Sul”, desabafa Paulo Nunes
Terça-feira, 24 Outubro de 2000, 03h44
Atualizada: Terça-feira, 24 Outubro de 2000, 03h44

Porto Alegre - Os dirigentes fizeram um esforço descomunal, mas não conseguiram abafar a crise envolvendo Paulo Nunes. Nesta segunda-feira, o atacante reapareceu no Olímpico e engrossou ainda mais a polêmica que criou na sexta-feira, ao abandonar o treino.

O atacante escancarou o descontentamento com sua situação no Olímpico. Considerou a reserva injusta e disse que não suportaria mais “ficar de palhaço” no clube. Chegou a se comparar a Wanderley Luxemburgo. “Sou o Luxemburgo do Sul, estou sempre como vilão”, reclamou.

Os episódios do fim de semana já comprometiam o futuro de Paulo Nunes. Na sexta-feira, deixou o treino alegando dores provocadas por uma bursite na nádega. Uma lesão já antiga. Foi embora do estádio apressado e visivelmente irritado. Reapareceu no estádio sábado, fez tratamento e saiu por uma porta lateral. Viajou para o Rio à tarde e não apareceu no departamento médico no domingo, como estava marcado. Nesta segunda, se reapresentou com uma hora de atraso.

Paulo Nunes estava liberado pela direção para resolver problemas com a Receita Federal, referentes à transferência para o Benfica. Segundo ele, não havia passagem para o Rio no domingo e, por isso, teve de antecipar a viagem. O atraso foi provocado pelo mesmo motivo. Até então, o vice de futebol Antônio Vicente Martins se desdobrava para sufocar a polêmica. Só decidiria sobre uma punição depois de conversar com o jogador. Cumpriria o que determina o regulamento – uma multa por atraso – e o submeteria às taxas por atraso na caixinha dos atletas.

Minutos depois de Vicente conceder a entrevista, Paulo Nunes chegou ao estádio, com sua Cherokee escoltada por outro carro com dois seguranças. Ficou surpreso com assédio de repórteres e fotógrafos: “O quê? Fui convocado para a Seleção?”

Paulo Nunes deixou o vestiário depois de 45 minutos e de uma conversa rápida com Vicente e o diretor executivo Dênis Abrahão. Então, todo o esforço dos dirigentes em contornar a situação foi pelos ares. O atacante se sente injustiçado. Disse respeitar Roth e os companheiros, mas acredita estar crescendo de produção com o time.

“Se não me querem, tenho 28 anos e posso jogar em outros clubes. Eu não vou ficar de palhaço aqui. Aceitei muitas coisas, mas chega a um momento que não dá para suportar mais”, desabafou.

A direção do Grêmio, minutos antes da entrevista, prometia definir internamente a situação do atacante. Agora, terá que sufocar o ciclone provocado por suas declarações. Na véspera de um jogo decisivo.



Zero Hora


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