São Paulo - Não houve confronto entre as torcidas, apenas decepção das duas partes com o pequeno público que compareceu ao estádio, deixando claros imensos, principalmente nos espaços reservados aos palmeirenses, junto ao portão principal. Uma das explicações é que a torcida do Palmeiras não aprovou a mudança do local do primeiro clássico entre os dois times pelas oitavas-de-final da Copa João Havelange.
Outra é que boa parte dos são-paulinos preferiu esperar pelo resultado de hoje, deixando para ir ao Morumbi, quinta-feira à noite, na definição de quem passa às quartas-de-final.
Quando se encontrava na fila do portão 16 para entrar no estádio, o presidente Mustafá Contursi explicava a alguns torcedores que embora o mando do jogo fosse do Palmeiras, a Diretoria teve que se render à decisão da Polícia Militar, que considerou o Parque Antártica inadequado para um jogo entre Palmeiras e São Paulo, sempre cercado de grande rivalidade. Um primeiro pelotão da uniformizada Mancha Verde chegou ao Pacaembu antes das 15h, colocando-se nas arquibandas amarelas, à direita da entrada pelo portão principal.
Ensaiou alguns gritos de guerra e desistiu das provocações diante da passividade dos são-paulinos. Meia hora antes de o jogo começar, garotos de duas escolas de futebol da Secretaria de Esportes da Prefeitura que deveriam jogar na preliminar - mas, devido às chuvas da madrugada e manhã de ontem o jogo foi cancelado para não prejudicar o gramado -, entraram em campo, acompanhando Leivinha e Mirandinha, que abriram uma faixa sugerindo que as torcidas não cometessem atos de violência: "Palmeiras e São Paulo - unidos pela paz".
Logo atrás, Ademir da Guia e Paraná exibiram outra faixa com os dizeres: "Adversários sim; inimigos não". Outros ex-ídolos de um passado recente, como Dudu e Edu Bala, também monitores de escolinhas de futebol da Prefeitura, entraram em campo e saudaram a torcida. Fora do estádio, o movimento também foi tranquilo, tanto que a Polícia Militar quase não teve trabalho. O tipo de ocorrência mais comum foi torcedor arrancando a bandeira do time adversário de ocupantes de carros que se dirigiam ao estádio pela avenida Pacaembu.
Até o major Marinho, que já presenciou inúmeras cenas de violência em clássicos entre Palmeiras e São Paulo, ficou decepcionado com o pequeno público, mas satisfeito o bom comportamento dos torcedores, num jogo que, durante a semana, chegou a ser rotulado como de 'alto risco'. "Esperava casa cheia, mas com o fraco movimento na venda antecipada de ingressos, quinta e sexta-feira, já dava para perceber que o Pacaembu não estaria lotado.
A pequena presença de torcedores é ruim para o jogo mas diminuiu os riscos de violência. O fenômeno que está acontecendo nos últimos anos é que a torcida do Palmeiras só comparece em massa quando o time joga no Parque Antártica. A impressão que se tem é de que lá ela se sente realmente em casa e que considera até o Pacaembu, que é neutro, estádio dos adversários."