Rio - Logo que entrou no clássico contra o Flamengo, um baixinho recebeu a bola pela direita, entortou Gamarra, o maior salário do caro elenco rubro-negro, driblou outros dois e quase marcou. Semi-desconhecido pela própria torcida do Botafogo, a jogada serviu como um cartão de visitas para Geraldo, jovem meia-direita, de 19 anos, e contratado junto ao ABC, de Natal, por R$ 200 mil depois de um ano de empréstimo nos juniores. A jogada não terminou em gol, mas transformou os 12 minutos restantes do jogo em fama reluzente para Geraldo.
“A hora de investir é essa! O Geraldo já está valendo 10 agora; Com mais três entortadas no Gamarra, fica em 20”, brincou o goleiro Wagner na saída do treinamento. – Ele é um investimento que vai dar lucro.
No entanto, não é a primeira vez que uma apresentação-relâmpago muda os rumos de Geraldo. Natural de Nova Cruz (RN), o meia-direita teve a contratação decretada por uma fita de vídeo com seus melhores lances que circulava pelo Nordeste e foi parar nas mãos de Jaider Moreira, um empresário de livre trânsito no Botafogo. “O presidente do ABC circulava com uma fita minha com os melhores momentos do jogo contra o Pau dos Ferros, um time do Rio Grande do Norte. Essa fita foi parar com o Jaider, que negociou o meu empréstimo junto ao ABC. Tenho essa fita de vídeo até hoje comigo”, diz Geraldo.
Festejado pelos companheiros e pela diretoria, que já promete tirá-lo de Marechal Hermes e trazê-lo para um apartamento em Niterói, mais próximo do Caio Martins, Geraldo aguarda uma nova chance, disposto a entrar da mesma forma abusada. “Nem vi que era o Gamarra. Era a jogada que eu tinha de fazer e fiz. Depois que vieram me falar que eu tinha entortado o Gamarra. Meu futebol é assim: gosto de ser objetivo”.