Quarto Dia
Enfim, o batidão e as popozudas
Quase uma semana depois de descobrir que iria para um baile funk, eu já mal conseguia esperar para ouvir o famoso batidão e entrevistar as popozudas glamourosas (como você vê, não passei ileso pela convivência com o vocabulário funk...:-). Brincadeiras à parte, era realmente o baile o motivo da minha ida ao Rio de Janeiro e eu já não agüentava mais de vontade de conhecer um. Como disse ontem, já no estacionamento encontrei algo que muito dificilmente encontraria em São Paulo: fuscas ao lado de carros importados e gente de todas as classes sociais indo à festa.
Para ter uma idéia do que é um baile funk, pense em gente. Muita gente. Fui ao da Salgueiro e ao do Castelo das Pedras e o que mais tinha era isso: gente. Estima-se que mais de cem mil jovens freqüentem estas festas todo final de semana no Rio e cada baile costuma reunir perto de cinco a seis mil pessoas. Depois de pensar em gente, muita gente mesmo, imagine o som. Novamente, esqueça o som intimista dos barzinhos de MPB: o batidão toca no último volume mesmo e o que importa nas músicas, menos que as letras, é o batidão: sempre no máximo.
Embora ninguém pare de dançar, poucas são as músicas em que todos cantam e seguem as coreografias. Na maior parte do baile, principalmente antes da abertura (que costuma acontecer entre 1 e 2h), são tocadas músicas em que apenas o ritmo importa. Mas quando entra algum dos grandes sucessos que tocam nas rádios, como Vou passar cerol na mão, todos simplesmente param o que estão fazendo e vão para a pista. Outra música que parece ainda não ter estourado fora do Rio e agita os bailes é a Tira a camisa, onde o MC pede que todos tirem a camisa e girem sobre a cabeça. Todos os "tigrões", claro, obedecem. Aliás, é interessante ver que muitas homens requebram mais que as mulheres na hora de fazer a coreografia.
Entre 1 e 2h, acontece a abertura oficial do baile. O DJ pára a música que está tocando, coloca um dos sucessos da festa (que, em geral, é remixado e fala mais sobre a própria festa que de outra coisa) e acontece uma queima de fogos (variando, claro, do tamanho da casa e da infraestrutura) dentro do próprio baile. Depois desse "acontecimento", as músicas ficam mais rápidas, altas e o salão, já cheio, começa a lotar. A paquera segue forte e a festa acaba perto das cinco da manhã. E a animação, claro, continua no sábado e no domingo.
Confira também:
O primeiro dia - Juro que não imaginava a metade
O segundo dia - O lado podre do funk
O terceiro dia - Aquecimento para o baile
Théo Araújo
Março/2001
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