Num assunto delicado como a capacidade de gerar filhos, os aspectos psicológicos são bastante relevantes. Principalmente se levarmos em conta que muitas mulheres se arrependem de ter feito laqueadura e procuram pela cirurgia de reversão, que nem sempre é possível.
"De uma forma geral, a idéia da laqueadura deve ser muito bem investigada porque pode ser fator desencadeante de vários problemas na história da mulher", diz o psicólogo Sidnei di Sessa, especialista em terapia sexual.
Imposição do marido, dificuldades financeiras e problemas de saúde são variáveis que podem levar a mulher a operar. Nesses casos, o cenário não é o ideal porque não está sendo uma decisão pessoal da mulher e sim uma oscilação entre o "não querer" e o "não poder" ter filhos.
Por conta desses aspectos psicológicos, o ginecologista Malcolm Montgomery se opõe à laqueadura: "Além dos índices de arrependimento serem altíssimos, tem cirurgias que são feitas logo após o parto, numa situação em que o lado emocional da mulher está muito alterado para que ela tome uma decisão definitiva na sua vida".
Malcolm prefere defender métodos anticoncepcionais modernos como os novos modelos de Dispositivo Intra-Uterino (DIU), que duram cinco anos, e implantes hormonais.
E nos casos da população de baixa renda, cujo acesso a esses métodos modernos é mais complicado? Nessas situações, resta à mulher que não quer fazer laqueadura recorrer aos meios oferecidos pelo Governo Federal, como pílulas, injeções e camisinhas.
Por conta de todas essas ponderações (emocionais, físicas e fincanceiras), uma cirurgia de laqueadura não deve ser feita indiscriminadamente. Conversas com o médico e com o parceiro são fundamentais, já que a mulher pode perder para sempre a capacidade de gerar filhos. Antes de decidir pela ligadura de trompas, a mulher tem de se informar sobre todos os outros métodos anticoncecpcionais.