O estilo de vida burmês
Henry Daniel Ajl
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Nos mercados, espetinhos de cobra para os mais famintos.
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Yangon, a capital, é a síntese da turbulenta história de Mianmá. Nas movimentadas ruas da metrópole, o estilo de vida burmês, típico do sudeste asiático, mescla-se aos ingredientes indianos trazidos pelos imigrantes e à influência ocidental, representada pela decadente arquitetura vitoriana dos edifícios. Convivendo lado a lado, budistas, muçulmanos xiitas e sunitas, judeus e hindus transformam o mercado central da cidade no mais belo e colorido caleidoscópio que se poderia esperar. Dominando o horizonte, como um ser onipresente de ouro e brilho, a Pagoda de Shwedagon enfeitiça os viajantes. Não há como ficar indiferente aos singelos atos de pura devoção praticados por milhares de pessoas, todos os dias, no interior da Pagoda. Antes do amanhecer, monges de diversas faixas etárias trajando vestes alaranjadas sobem descalços a escadaria que leva ao pátio interno do templo. Dividem-se em pequenos grupos de cinco ou seis e dirigem-se às estátuas de Buda espalhadas pelo local. Cerimoniosamente, acendem incensos perfumados, colocando-os junto às imagens sagradas e iniciando um longo período de meditação. Ao final, recitam algumas preces e pousam maços frescos de flor-de-lótus trazidos dos campos sobre os altares de mármore da Pagoda. É no final do dia, contudo, que a cidade se torna ainda mais encantadora. O último suspiro dos raios solares ilumina as incontáveis cúpulas douradas que rompem o horizonte da cidade, dando a impressão de serem gigantescos faixos de luz apontados para o céu. Não por acaso, Burma é conhecida, desde a passagem de Marco Polo, no século XIII, como a "Terra Dourada".
Henry Daniel Ajl
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