O povo mais alegre do sudeste asiático
Henry Daniel Ajl
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Monge em Yangon.
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A região oriental do país integra, junto com Laos e a porção oeste da Tailândia, o famigerado Triângulo do Ópio. Não é raro, ao explorarmos as montanhas de Shan, caminharmos por belos campos de papoula destinados à produção do narcótico. A verdade é que as fronteiras do Estado Burmês acabam onde começam as plantações de papoula, controladas por poderosíssimos barões da droga. Além disso, as cordilheiras representam o início dos territórios habitados por diversos grupos rebeldes, entre eles, os Kareen, que lutam, há décadas, contra o governo de Mianmá. Durante o trekking, pernoitamos em típicos vilarejos burmeses – grupos de pequenos casebres rústicos feitos de madeira e palha, geralmente localizados no sopé das cadeias montanhosas. Depois de alguns dias voltamos a Kalaw, de onde regressamos para Yangon. O prazo de meu visto extinguira-se num piscar de olhos e eu fui obrigado a deixar o país. Durante o período em que me aventurei pelas lendárias terras da Birmânia, acabei me afeiçoando ao povo do lugar. Simpáticos e hospitaleiros, os burmeses talvez sejam o povo mais alegre de todo o sudeste asiático, apesar do fardo político que lhes é imposto. Não imagino quando poderei voltar ao país. Agora que minha carapuça de engenheiro caiu, certamente não serei bem-vindo pela tosca burocracia que dirige Mianmá. Pretendo trabalhar para que a pressão internacional sobre a diplomacia burmesa se intensifique e para que a democracia se instale no país. Só assim dias melhores virão para o povo de Mianmá. E nós, viajantes, poderemos nos aventurar pela “Terra dos Budas Dourados”, uma das regiões mais fascinantes do mundo.
Henry Daniel Ajl
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