Essencialmente, o circo é arte para quem faz e entretenimento para quem assiste. Nos últimos tempos, porém, ele vem assumindo um terceiro papel, o de exercício físico. Pessoas avessas às academias, principalmente, procuram o circo como forma de unir o prazer artístico com o bem-estar físico.
É o caso da psicóloga Fernanda Montoro, 27 anos, há dois anos fazendo aulas de circo: "Sempre odiei ginástica, academia. No circo, você treina buscando a estética do movimento e não só na estética do seu corpo. Você quer dizer algo pras pessoas. Quando você puxa ferro não diz nada a ninguém."
Emanuela Rodrigues, 20 anos, está há três anos em contato com o circo. Quando se viu desempregada, ela uniu a necessidade à paixão e adotou o circo como profissão, apresentando-se em eventos: "Comecei fazendo malabares sozinha. Hoje faço trapézio, acrobacia, tecido, perna de pau...", enumera.
Os colegas fazem uma avaliação de Emanuela que retrata bem os efeitos do circo na estrutura física da pessoa: "Quando a 'Manu' chegou aqui era magrinha, fininha. Agora ela está cheia de músculos".
Emanuela faz uma auto-análise e fala das mudanças provocadas pelas aulas de circo: "Tenho mais consciência do meu corpo e tenho um condicionamento físico mais desenvolvido. Devido ao alongamento, cresci uns dois centímetros. Além disso, ganhei massa muscular e até uma bundinha".
O fotógrafo Guilherme Andrade, que faz aulas de circo há oito meses, diz: "Não tem comparação com academia. Aqui é divertido, animado e a sensação boa quando você consegue fazer uma coisa nova é um estímulo para vir treinar.".
As aulas de iniciação circense costumam englobar, principalmente, a acrobacia, que é a disciplina básica do circo. Numa escala menor, são dadas aulas de malabares, pernas de pau e exercícios aéreos como trapézio e tecido.
Segundo o professor Geraldo Filet, "uma aula de iniciação circense em acrobacia, por exemplo, tem as seguintes etapas: aquecimento, alongamento, acrobacia de base, preparação física e relaxamento".
Rodrigo Matheus, coreógrafo e diretor circense, considera a aula de circo absolutamente saudável para as pessoas, mas faz uma ressalva: "Muita gente faz aula um tempo e começa a querer se apresentar sem ter um apuro artístico para isso". Ele diz ainda que, de maneira geral, as pessoas têm procurado fazer disciplinas de circo querendo unir recreação ao aspecto físico.
Rodrigo é um dos coordenadores da Central do Circo, uma cooperativa sediada na Lapa, em São Paulo (SP), que reúne grupos de circo e artistas independentes. Lá também acontecem aulas, treinamentos e espetáculos.