Consumir uma quantidade moderada de álcool pode ajudar a evitar que mulheres saudáveis desenvolvam diabetes e doenças cardíacas após a menopausa, sugeriu uma nova pesquisa. De acordo com o trabalho, as mulheres que consumiram de um a dois drinques por dia foram mais capazes de responder à insulina, hormônio que ajuda as células a transformar açúcar em energia. Essas pacientes também apresentaram níveis sanguíneos mais baixos do hormônio. Taxas elevadas de insulina no sangue - assim como a redução da sensibilidade à ação do hormônio - são fatores de risco para doença cardíaca e diabete tipo 2.
Os resultados da pesquisa podem ser úteis para as mulheres que passaram pela menopausa e que têm risco de desenvolver doença cardíaca, aumento da taxa de insulina e redução da sensibilidade ao hormônio, explicou a equipe de Michael J. Davies, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Beltsville (Maryland). "Na nossa opinião, esses dados são muito importantes pois ajudam a definir alguns riscos e benefícios que o consumo moderado de álcool proporciona para saúde", disse David J. Baer, integrante da equipe e responsável pela apresentação do trabalho na terça-feira, em Washington (DC).
No pesquisa, 51 mulheres saudáveis que já tinham passado pela menopausa foram submetidas a três períodos de tratamento alternados de oito semanas de duração cada. Em um deles, as voluntárias não consumiram álcool. Na fase seguinte, elas ingeriram um drinque por dia e, na última etapa, dois drinques diariamente. Durante o experimento, as pacientes seguiram uma dieta para manter o peso corporal. Os resultados do estudo foram publicados na edição de 15 de maio do Journal of the American Medical Association.
As amostras de sangue coletadas das mulheres revelaram que os níveis de insulina foram quase 20 por cento mais baixos após o consumo de dois drinques, em comparação com a abstinência do consumo de álcool. Os níveis de triglicerídeos - tipo de gordura associado ao aumento do risco de doença cardíaca - foram cerca de 10% menores durante a fase em que o grupo tomou dois drinques diários do que quando as voluntárias não consumiram álcool. "As pessoas que tinham os níveis mais elevados de triglicerídeos apresentaram uma resposta maior ao álcool e uma redução maior da taxa de triglicerídeos, em comparação com as pessoas que apresentavam teores mais baixo da gordura", observou Baer.
A sensibilidade à insulina subiu cerca de 7 por cento na fase em que foram consumidos dois drinques, mas a glicose sanguínea permaneceu constante nos grupos tratados. Não foi constatada diferença na resposta apresentada por pessoas com peso normal, excesso de peso ou obesas. Os pesquisadores atribuíram os resultados aos efeitos do álcool, mas lembraram que outros compostos presentes no vinho tinto poderiam oferecer proteção adicional.
Quaisquer que sejam os componentes benéficos do álcool, os resultados reforçaram os achados de estudos anteriores que observaram melhora na sensibilidade à insulina entre adultos não-diabéticos que bebiam moderadamente. Até o momento, não houve pesquisas controladas sobre a relação entre o consumo de álcool, a sensibilidade à insulina e a taxa de açúcar no sangue, observaram os autores.