Pesquisadores espanhóis reverteram a diabete tipo 1 em camundongos ao estimular a produção de uma proteína relacionada à fabricação da insulina. O estudo foi realizado com roedores geneticamente modificados. Por esse motivo, não é certo que o tratamento funcione em camundongos normais e, muito menos, em humanos. No entanto, o sucesso da pesquisa sugere ser possível desenvolver uma terapia gênica para tratar a diabete tipo 1, informaram os autores do trabalho.A diabete tipo 1 também é conhecida como diabete juvenil por atingir pessoas mais jovens que a forma mais comum da doença, a diabete tipo 2. No distúrbio do tipo 1, o sistema imunológico ataca de modo equivocado as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.
Isso provoca a redução ou a falta total do hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue. A pessoa que apresenta essa forma da doença precisa tomar injeções diárias de insulina para sobreviver. Para recuperar-se da diabete tipo 1, o organismo precisar repor o estoque de células beta. Uma abordagem experimental é o transplante de ilhotas - agrupamentos células que contêm as células beta e que se localizam no pâncreas. Infelizmente, a escassez de doadores e o risco de o sistema imunológico destruir as células transplantadas limitam essa opção.
No trabalho atual, a equipe de Fatima Bosch, da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), desenvolveu um tipo de terapia gênica que recupera as ilhotas sem a necessidade de realizar um transplante de células. A partir de evidências de que o fator de crescimento tipo 1 semelhante à insulina (IGF-1, na sigla em inglês) promove o crescimento e o desenvolvimento do tecido pancreático, os pesquisadores modificaram geneticamente duas linhagens de camundongos para aumentar a expressão do gene que codifica o IGF-1 nas células beta. Depois deram aos animais várias doses de uma droga que provoca a diabete tipo 1.
As células beta foram destruídas e a diabete tipo 1 surgiu nas duas populações de camundongos geneticamente modificados. No entanto, eventualmente, houve a recuperação dos animais alterados em um prazo que variou de acordo com a linhagem do animal, informou artigo publicado na edição de maio do Journal of Clinical Investigation. Os níveis de açúcar no sangue subiram inicialmente, mas depois voltaram ao normal. Além disso, os animais apresentaram uma recuperação das células beta. Todos os animais do grupo normal - não modificados geneticamente - que foram expostos à droga desenvolveram diabete e morreram.
Embora a maioria das pessoas não receba o diagnóstico da diabete tipo 1 antes do surgimento dos sintomas e da destruição das células beta, o estudo sugeriu a possibilidade de neutralizar a eliminação das células produtoras de insulina ao fazer o pâncreas expressar fatores como o IGF-1, capazes de estimular o crescimento de células beta, informaram os pesquisadores.
"Nosso estudo sugeriu que o gene que codifica a produção do IGF-1 deve ser considerado candidato à transferência para as ilhotas pancreáticas como uma nova abordagem de terapia gênica para a diabete tipo 1", concluiu a equipe.