Médicos estão prescrevendo erroneamente um remédio contra diabete para pacientes com insuficiência cardíaca e renal, colocando-os sob o risco de complicações fatais, alertaram pesquisadores norte-americanos na quarta-feira. O metformin, vendido pela Bristol-Myers Squibb Co, com o nome comercial Glucophage, é o remédio mais amplamente prescrito para tratar a diabete do tipo 2 e a de início na vida adulta. O medicamento não deveria ser usado por pacientes que tomam outras drogas para insuficiência cardíaca e renal.
Uma equipe da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, EUA, entretanto, descobriu que 22 a cada 100 pacientes que tomavam metformin tinham uma ou ambas as condições. "Estamos preocupados que esses pacientes possam correr o risco de ter uma condição médica grave conhecida como acidose láctica, uma ameaça à vida", disse a médica Cheryl Horlen, chefe da pesquisa. A acidose láctica é uma condição metabólica rara que mata a metade dos pacientes que a desenvolvem.
A enfermidade é tão séria que as embalagens de metformin tem a tarja preta e a bula descreve os perigos para pacientes com insuficiência renal ou do coração. Mas os médicos não estão prestando muita atenção a esse fato, disse Hourlan em um artigo do Journal of the American Medical Association. "Encontramos 241 pacientes que tinham duas ou mais prescrições de metformin em um período de nove meses e então selecionamos aleatoriamente 100 deles para revisões", afirmou ela.
Os pesquisadores observaram que 14 pacientes tinham insuficiência cardíaca, cinco apresentavam disfunção renal e três, as duas condições. A Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana que regula alimentos e remédios, afirmou que recebeu registros de 47 casos confirmados de acidose láctica associada ao uso do metformin nos primeiros 14 meses após o lançamento do remédio no país. Quarenta e dois por cento dos pacientes morreram.