As pessoas que bebem moderadamente têm um risco menor de desenvolver diabete, disseram pesquisadores na segunda-feira. O álcool, entretanto, pode não ser o responsável pelo fenômeno, segundo eles. Os cientistas da Royal Free and University College Medical School, em Londres, Grã-Bretanha, disseram que não podem explicar totalmente por que alguns apreciadores de álcool estão menos propensos a sofrer de diabete do tipo 2. Eles acreditam que, provavelmente, isso está relacionado a fatores desconhecidos. "Há uma incidência reduzida de diabete do tipo 2 entre pessoas que bebem moderadamente, mas isso não é preponderante", afirmou o professor Gerry Shaper. "Não recomendaríamos a alguém que não bebe começar a beber mais ou a um bebedor leve ou ocasional aumentar o consumo de álcool."
A diabete é uma doença crônica causada por uma deficiência ou falta de insulina. Os diabéticos não conseguem metabolizar a glicose de forma adequada. O tipo 2 da doença é provocado pela incapacidade de produzir ou usar apropriadamente o hormônio. Já as vítimas do tipo 1 não fabricam insulina suficiente e precisam de injeções diárias.
Shaper e sua equipe estudaram 5.000 homens na faixa dos 40 aos 59 anos de idade e monitoraram a quantidade de álcool ingerida, e os níveis de colesterol, glicose e insulina por 17 anos. Na pesquisa, publicada no Journal of Epidemiology and Community Health, cerca de 200 homens desenvolveram a diabete do tipo 2. Os homens que bebiam muito (mais de seis doses diárias) tinham o risco mais alto de desenvolver a doença, o que poderia ser explicado pelo excesso de peso, segundo os cientistas.
A maioria das pessoas que apresenta a diabete do tipo 2 são obesas ou têm excesso de peso, um fator de risco que poderia ser evitado. Os participantes que bebiam moderadamente (entre três e seis doses diariamente), entretanto, tinham um risco menor de se tornar diabéticos do que os bebedores ocasionais.
Quantidades moderadas de álcool tiveram um impacto maior sobre os homens mais propensos a sofrer de diabete, porque eram fumantes ou obesos ou porque tinham quantidades elevadas de glicose e insulina no início do estudo. Em todo o mundo, a diabete afeta em torno de 130 milhões de pessoas e mata 2,8 milhões a cada ano. Especialistas estimam que o número de diabéticos vai aumentar para 220 milhões até 2010. O pesquisador acredita que são necessários mais estudos para avaliar a associação entre álcool, insulina e diabete.