Vitamina D elimina substância que causa câncer de cólon
Uma nova pesquisa sugere que a vitamina D pode proteger contra o câncer de cólon por ajudar a eliminar um ácido tóxico que promove a doença. A descoberta pode indicar o caminho para o desenvolvimento de terapias que ofereçam proteção semelhante à proporcionada pela vitamina D sem os efeitos colaterais causados pelo consumo excessivo da substância, disse o coordenador do estudo.
"Acreditamos ter descoberto um possível mecanismo pelo qual a vitamina D pode proteger contra o câncer de cólon", disse David J. Mangelsdorf, do Instituto Médico Howard Hughes do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas. Se não for o único mecanismo, "ao menos é um deles", avaliou o especialista.
Mangelsdorf explicou que a vitamina D é conhecida por proteger contra o câncer de cólon, mas que o mecanismo de ação exato permanecia desconhecido. A dieta "ocidental", rica em gorduras, é associada ao aumento do risco de desenvolver a doença, embora essa associação seja polêmica, explicou o coordenador do estudo.
A nova pesquisa, publicada na edição de 17 de maio da revista Science, oferece uma possível explicação para o efeito protetor da vitamina D e para o aumento do risco de câncer de cólon provocado pela ingestão de uma dieta gordurosa. A equipe de Mangelsdorf verificou que a vitamina D e um tipo de ácido biliar chamado ácido litocólico (LCA, na sigla em inglês) ativam os receptores da vitamina nas células. Mangelsdorf explicou que, quando alguém ingere alimentos gordurosos, o fígado libera ácidos biliares no intestino, possibilitando que o organismo absorva a gordura. Após exercerem sua função nos intestinos, a maioria dos ácidos biliares é transportada de volta para o fígado, informou o pesquisador.
O LCA, no entanto, faz algo incomum, explicou o autor. Em vez de retornar para o fígado, a enzima CYP3A degrada o LCA no intestino. Se o LCA não for neutralizado pela enzima, ele passa para o cólon, onde pode promover o câncer, informou o pesquisador do Texas. O LCA é "muito tóxico", disse Mangelsdorf. Como a vitamina D demonstrou evitar o câncer de cólon em animais, a equipe decidiu verificar se o seu receptor tinha algum efeito sobre a destoxificação do LCA.
Os receptores de vitamina D parecem agir como um sensor dos altos níveis de LCA, informou o especialista. Esses receptores ligam-se ao LCA e estimulam o aumento da expressão do gene que codifica a CYP3A, enzima que neutraliza o ácido. Esse parece ser o mecanismo de proteção do corpo contra o câncer de cólon, comentou Mangelsdorf.
Se alguém não consegue obter os níveis suficientes de vitamina D, o equilíbrio pode ficar prejudicado, o que aumenta o risco de câncer de cólon, afirmou o especialista. A pesquisa também ofereceu uma possível explicação para o aumento do risco desse tipo de câncer, informou o pesquisador. Como o LCA é liberado pelo fígado quando há consumo de alimentos gordurosos, uma dieta rica em gordura poderia manter os níveis do ácido elevados e "sobrecarregar o sistema", disse Mangelsdorf.
Ele levanta a hipótese de que o corpo poderia parar de produzir uma quantidade suficiente de CYP3A para manter o LCA sob controle. Na opinião do pesquisador, uma dieta gordurosa é "algo que nosso organismo nunca, nunca deveria ter de enfrentar." O estudo não comprovou se a alimentação rica em gordura aumenta o risco de câncer de cólon, mas ofereceu uma "hipótese que pode ser testada para avaliar os efeitos de uma dieta gordurosa", explicou Mangelsdorf.
A descoberta também pode auxiliar no desenvolvimento de drogas para evitar o câncer de cólon, sugeriu o especialista. O excesso de vitamina D pode causar efeitos prejudiciais, mas existe a possibilidade de se produzir uma droga que ofereça os efeitos protetores contra o câncer sem os efeitos colaterais indesejados.
Reuters Health
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