Barcelona - O atacante do Barcelona Rivaldo disse nesta terça-feira que não se sente valorizado pela torcida, uma queixa que já tinha expressado há tempos, e não quis antecipar se deseja continuar no clube ao término de seu contrato, em junho do ano que vem.
O jogador voltou a ser polêmico em uma entrevista na qual rompeu um silêncio que mantinha há dois meses, desde que foi duramente criticado por se manifestar contra a realização de uma partida amistoso entre o Brasil e a Catalunha.
Rivaldo, que mantém uma relação de amor e ódio com uma torcida que canta seu nome quando vê uma jogada genial, mas que o vaia quando prende a bola ou não rende o que se espera, insistiu hoje que não se sente suficientemente valorizado, apesar de nesta temporada ter jogado muitos vezes em más condições físicas devido a suas lesões.
"Tenho feito isto por mim e pelo Barcelona. Joguei muitas partidas após infiltrações, mas as pessoas não valorizam o que faço pelo Barcelona. Não sei que mais tenho que fazer", lamentou o jogador.
Perguntado se esse pouco apoio que sente da torcida pode influir na hora de renovar seu contrato com o time, que vence em junho de 2003, Rivaldo afirmou: "Não sei, tudo isto dá o que pensar".
O atacante brasileiro respondeu com evasivas várias perguntas sobre seu desejo de continuar no clube, mesmo depois que a direção do clube já demonstrou que quer mantê-lo para que acabe sua carreira no Barcelona.
"Veremos no futuro o que vai acontecer", disse Rivaldo, que disse repetidamente que seu desejo é concentrar-se em ganhar as próximas partidas para conquistar títulos nesta temporada. "Depois teremos muito tempo para falar desses assuntos".
Apesar das declarações da diretoria sobre o desejo de renovar seu contrato, Rivaldo assegurou que tem lido na imprensa, mas afirmou: "Nenhum diretor nem o presidente falou comigo do assunto".
Em uma longa entrevista coletiva, Rivaldo se estendeu sobre a campanha de seu time e foi contundente na defesa do atual técnico, Carles Rexach, a quem qualificou de "um grande treinador que está fazendo o melhor pelo Barcelona".
Rivaldo culpou a imprensa por parte dos problemas que os jogadores têm com a torcida e de colocar em risco o técnico por perder duas ou três partidas e pediu "mais respeito pela pessoa que é Rexach e o que ele fez pelo clube".
Também lembrou que Rexach "fez muito pelo Barcelona como jogador" e que como treinador substituiu com sucesso o técnico anterior, Lorenzo Serra Ferrer.
O atacante do Barcelona se queixou de que "é complicado trabalhar" se há uma troca constante de treinadores e concordou com Rexach de que "o treinador arma o sistema tático, mas quem decide as partidas são os jogadores em campo".
A situação do Barcelona, quarto colocado no campeonato espanhol e segundo em seu grupo da Liga dos Campeões, permite a Rivaldo ter "confiança" de que o time pode ganhar os dois títulos.
Na decisiva semana que vem, na qual o Barcelona enfrentará dois rivais diretos no campeonato espanhol (Betis e Real Madrid) e jogará seu futuro na Liga dos Campeões, contra o Liverpool, Rivaldo está convencido de que vão "conseguir três vitórias".
Rivaldo se mostrou solidário com o companheiro Patrick Kluivert, ao assegurar que se ele assim desejar deixará que continue batendo os pênaltis, como já aconteceu nas duas vezes contra o Málaga, no domingo passado, para que possa conseguir seu objetivo de ser o artilheiro do campeonato espanhol.
O atacante não quis entrar na discussão sobre se deve jogar sempre o trio de atacantes formado por ele, Kluivert e Javier Saviola´, conhecido como o "tridente". "Para mim é igual se jogamos com tridente ou sem tridente", disse.
Isso não lhe impede de apoiar Saviola, que só costuma ser titular nas partidas em casa, o qual considera que "tem a confiança do treinador, é um grande jogador".
O brasileiro reconheceu estar "desolado" por ter vivido pela primeira vez em sua vida uma temporada na qual sofreu lesões e constantes problemas físicos, mas garantiu: "Pouco a pouco, estou melhorando".