"Se me acham bom, esperem até ver meu sobrinho Bruno". A "profecia" foi disparada pelo tio Ayrton Senna, depois de deixar a McLaren em 1993, um ano antes de sua trágica morte na curva de Tamburello, durante o GP de San Marino. Na época, Bruno tinha apenas 10 anos e brincava de kart, esporte que começou a praticar pequeno, aos cinco anos de idade, estimulado pelo próprio tio.
Agora, 17 anos depois da frase, o mundo poderá finalmente saber se o sobrinho tem tanto talento quanto o tio, uma vez que Bruno foi confirmado no grid em 2010. "Estou absolutamente contente de realizar o sonho de uma vida. Agora é hora de estabelecer novos objetivos. O projeto que a Campos desenvolveu foi concebido para ser bem-sucedido tanto dentro quanto fora das pistas", comemorou.
A história de Bruno no automobilismo profissional, porém, começou bem antes do acerto com a escuderia espanhola. Sua primeira experiência foi em 2004, aos 21 anos, quando defendeu a Carlin Motorsport na Fórmula BMW Inglesa e conquistou seis pontos na temporada. No ano seguinte, ingressou na F3 Inglesa pela Raikkonen Robertson Racing e melhorou seu desempenho, alcançando três pódios.
Em 2006, ainda correndo pela equipe do finlandês Kimi Raikkonen, Bruno registrou suas primeiras cinco vitórias da carreira pela F3 Inglesa, terminando a temporada em terceiro. O desempenho rendeu uma vaga na GP2, categoria que correu em 2007 e 2008. No primeiro ano, venceu uma corrida e terminou em oitavo.
"Eu quero estar na F1 em 2009 ou 2010. Eu sou rápido o suficiente, e nesta temporada quero provar isso. Este é o ano em que terei minha melhor oportunidade para conseguir grandes resultados", afirmou Bruno, ainda no início de 2008, seguro de que alcançaria seu sonho de infância. Naquele ano, o seu segundo na GP2, venceu duas corridas e terminou com o vice-campeonato.
Já em 2009, Bruno esteve próximo de conseguir uma vaga na Toro Rosso, principalmente pela ligação da escuderia italiana com seu mentor, o ex-piloto austríaco e ex-companheiro de Ayrton Senna, Gerhard Berger. Contudo, o acerto acabou não se concretizando e o piloto decidiu correr em uma nova categoria, a Le Mans Series.
Em novembro daquele mesmo ano, porém, Bruno teve a chance de realizar seu primeiro teste na Fórmula 1, quando guiou um Honda no circuito da Catalunha, na Espanha, ao lado do conterrâneo Lucas di Grassi. A vaga, entretanto, ficou com o brasileiro Rubens Barrichello, depois de que a equipe virou Brawn GP nas mãos de Ross Brawn.
A confirmação como novo piloto de F1 só viria quase um ano depois, em 30 de outubro de 2009, quando a Campos acertou com o piloto brasileiro. "Fomos testemunhas do rápido desenvolvimento que teve na GP2 para se transformar em um dos pilotos mais interessantes de sua geração. É incrível como chegou rápido à F-1", finalizou Enrique Rodríguez de Castro, diretor-geral da equipe estreante.