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Atletismo: Abebe Bikila Com suas duas medalhas de ouro nos Jogos OlÃmpicos, o etÃope Abebe Bikila é considerado o maior maratonista de todos os tempos. Abebe Bikila não pôde ganhar a sua terceira medalha de ouro na maratona olÃmpica do México 68, mas colaborou muito para que um compatriota seu mantivesse o domÃnio EtÃope na história da prova. Poucos sabiam que o bicampeão olÃmpico tentou sua terceira medalha de ouro com uma fissura na perna direita, que se complicou com problemas de rigidez e circulação. Sem dúvida, os aspirantes à medalha de ouro o tinham como favorito quando um astuto Mamo Wolde, começou a tomar a frente. Bikila abandonaria no quilômetro 17, quando era seguido por corredores que buscavam a vitória. Foi direto para a ambulância e assim terminou sua terceira participação olÃmpica do maior maratonista que até agora já se viu. Correr para comer Membro de uma pobre e numerosa famÃlia camponesa do sul da Etiópia, Bikila se alistou no exárcito quando tinha 17 anos de idade; uma saÃda fácil para seu sustento diário. Os integrantes da Guarda Imperial, tinham fama de resistentes, mas Bikila só tinha corrido esporadicamente e como forma de sobrevivência. O destino o pôs nas mão do talentoso treinador sueco Onni Niskanen, que soube ter a paciência e sensibilidade para transformar um diamante bruto em uma jóia preciosa. Na base de novos treinamentos, fortalecidos com banhos de sauna, exercÃcios de basquete e grandes corridas em estradas, o estilo de Bikila se transformou numa máquina perfeita de devorar quilômetros. Mais rápido Uma eminência do treinamento esportivo, Niskanen, não se opôs de imediato ao gosto de Bikila em correr sem sapatos. O treinador optou por estudar os tempos de seu atleta, correndo de tênis e sem eles, e comprovou que efetivamente Bikila era mais rápido descalço. Este foi um fato que assombrou o mundo; um atleta do continente mais pobre do mundo em plena descolonizarão, ganhava descalço a maratona olÃmpica de Roma, em1960. Ele não só ganhou o ouro, mas também causou o maior alvoroço melhorando em quase oito minutos o recorde olÃmpico, deixando-o em 2 horas, 15 minutos e 16 segundos. Para terminar de surpreender o mundo, soube-se que Bikila perdeu somente 350 gramas de peso na exigente corrida, muito abaixo da media de 4 quilos que costumavam perder os maratonistas da época. O Herói Em 1935, Benito Mussolini e suas tropas fascistas saÃram do famoso arco de Constantino, em Roma, para conquistar Addis-Abeba, a capital da Etiópia. Mas as coisa da vida quiseram que o atleta africano ganhasse em Roma, perto de onde Mussolini tinha partido para a conquista da Etiópia. Por isso, a façanha do corredor transcende o terreno esportivo e entra no mais puro Nacionalismo etÃope. Quando voltou de Roma, Bikila foi recebido como herói pelo Rei dos Reis em sua pátria em troca de sua medalha ouro recebeu um anel de diamantes. Dupla dificuldade Nos meses que antecederam a OlimpÃada de Tóquio (64), Bikila foi acusado de fazer parte de um complô militar. Esta suspeita, valeu para deixá-lo preso por meses, bem próximo aos jogos OlÃmpicos. Como se fosse pouco, uma grave apendicite atacou Bikila, que teve que ser operado um mês antes de sua saÃda para a maratona de Tóquio. Com seu estilo, então convertido em arte e refinado com tênis, Bikila repete a vitória e reafirma a constância de seu potencial: 2 horas, 12 minutos e 11 segundos, uma velocidade recorde de 19.152 quilômetros por hora, algo antes nunca visto. Da glória ao inferno Em março de 1969 a grandeza esportiva de Bikila foi apagada cruelmente por um acidente automobilÃstico. Durante oito meses ficou internado num hospital em Londres, de onde saiu paralÃtico numa cadeira de rodas. Uma multidão ferida e chorosa o recebeu quando regressou a Addis-Abeba. A multidão que muitas vezes o aclamou não se acostumava a vê-lo nessa condições. Assim, doente com suas pernas "mortas" e um triste sorriso, Abebe Bikila, o melhor maratonista do mundo, o primeiro Ãdolo da Ãfrica, terminava seu ciclo na terra. Uma hemorragia cerebral acabou com a sua vida em 23 de outubro de 1973, aos 41 anos.
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