Cartola - Agência de Conteúdo
Especial para o Terra
Ainda que não tenha dados oficiais, o presidente da Associação Cultural José Martí, uma entidade formada por simpatizantes do governo cubano, estima que mais de 1 mil brasileiros já tenham ingressado na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba (Elam) desde que esta foi fundada, em 1998. Enfermeiro, Ricardo Haesbaert acredita que cerca de 600 já estejam formados. Porém, se antes o país caribenho ofertava aproximadamente 100 bolsas de estudos aos alunos do Brasil, hoje esse número não vai muito além de uma dezena.
"Até 2009, o governo cubano concedia cerca de 100 bolsas por ano para estudantes de medicina brasileiros, mas a situação econômica do Brasil mudou um pouco isso, além de fatores como a dificuldade para validação do diploma aqui e o aumento de vagas para estudantes de baixa renda nas universidades brasileiras, o que fez com que o número de bolsas diminuísse gradativamente", explica Haesbaert ao informar que desde 2005 a José Martí já mandou 10 brasileiros para estudarem no país, mas que ainda não conseguiu nenhuma bolsa em 2012. Segundo ele, Cuba concede ao Brasil, atualmente, algo em torno de 10 bolsas anuais para a Elam.
Outras associações, movimentos e partidos políticos também recebem incentivo do governo cubano, que igualmente realiza parcerias diretas com governos estaduais. Frei David Santos, diretor executivo da Educafro, que concede bolsas para jovens afrodescendentes e carentes, estima que, em cinco anos, a entidade enviou 110 estudantes para a Elam. A diminuição nos últimos anos, porém, é substancial. Em 2011, o número estimado foi de 15. Neste ano, apenas duas bolsas foram concedidas.
Por telefone, o departamento de relações internacionais da Escola Latino-Americana de Medicina afirmou ao Terra não poder fornecer informações sobre o programa da instituição e o número
Bolsas diminuíram gradativamente, diz Haesbaert
Crédito: Arquivo Pessoal
de brasileiros que estudam ou estudaram no país nos últimos 14 anos. Mas segundo a embaixada de Cuba no Brasil, 651 brasileiros estudam medicina na ilha de Fidel Castro. Para conseguir uma bolsa, basta ser indicado por um partido político ou a uma organização não governamental, ter menos de 25 anos, ter concluído o ensino médio e ser de família de baixa renda. Para quem não sabe falar espanhol, o governo cubano oferece um curso intensivo na chegada ao país. Além de o curso ser totalmente gratuito, os estudantes ganham moradia e alimentação.