O tema é recorrente: a professora chama a atenção de um aluno por causa de alguma estripulia na sala de aula e a primeira coisa que ele responde é "não fui eu". Então, a culpa da bagunça recai sobre aquele estudante que geralmente é mais ingênuo ou menos popular da turma. São em momentos como este que os bodes expiatórios costumam a aparecer.
O bode expiatório é alvo favorito dos zombeteiros e daqueles que querem fazer alguém se submeter ao ridículo, recebendo arbitrariamente as culpas pelos erros dos outros, explica o escritor e professor Ari Riboldi no livro O bode expiatório - Origem de palavras, expressões e ditados populares com nomes de animais.
O professor de Língua Portuguesa e Literatura em Porto Alegre (RS) informa que a expressão teve origem em um ritual anual da tradição judaica, chamado de Dia da Expiação (Iom Kippur, em hebraico), que pode ser lido no capítulo 16 do Levítico, livro do Antigo Testamento da Bíblia.
Sacerdotes levavam dois bodes ao templo de Jerusalém para que um deles fosse escolhido, em sorteio, para ser sacrificado e queimado junto com um touro no altar dos sacrifícios. O sangue de ambos era colocado nas paredes do templo.
O outro animal, livrado do sacrifício, tornava-se o bode expiatório, que virava um símbolo de purificação e expiação dos pecados e culpas. O sacerdote colocava as mãos sobre a cabeça do bode para confessar todos os pecados de Israel. Em seguida, o povo também depositava os seus erros no animal, que depois era abandonado ao relento no deserto. Dessa forma, acreditavam que acalmava-se o demônio e o povo ficava livre dos males cometidos.