Se você lembra as datas de aniversários de todos seus amigos, os números dos seus documentos, senhas de banco e nomes de rua em que você raramente passa, não estranhe se alguém comparar sua memória a de um elefante. Não se trata de uma referência ao tamanho do bicho, mas sim uma menção a um animal reconhecido pela sua grande capacidade de guardar informações.
A habilidade dos elefantes de memorizar foi forjada pelas exigências de seu modo de vida, segundo o professor de neurofisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) Gilberto Xavier. Acostumados a percorrer grandes áreas, os elefantes desenvolvem uma precisa memória espacial que permite recordar exatamente onde encontrar água e comida, mesmo depois de andar centenas de quilômetros.
Isso acontece em cada lugar onde esses animais cruzam, sendo que eles conseguem ainda lembrar onde há mais alimento disponível em cada época do ano. Uma manada pode, por exemplo, se dirigir a uma determinada região apenas quando há frutas maduras.
A memória prodigiosa dos elefantes reflete o processo que faz os animais terem melhor ou pior memória, conforme Xavier. Para ele, não é possível apontar se uma espécie tem capacidade melhor do que outra já que são as condições de vida que fazem um animal aprimorar essa habilidade. Por isso, dois gatos, por exemplo, podem ter uma diferença muito grande na capacidade de lembrar, dependendo do quanto a rotina deles exige uma boa memória para se alimentar, por exemplo. "Os animais se adaptam, ampliando sua capacidade de memória em função do ambiente em que eles ocupam", afirma Xavier.